Hoje, 08 de agosto diante da tela iluminada, meus olhos e meu
coração se voltaram para a Capelinha de Fátima. A distância se desfez no
instante em que a fé tomou o lugar da matéria. Assisti, pela internet, ao hino
litúrgico que se elevava com doçura e fervor: “Eu
confio em Ti… Meu Deus, eu creio…” — e cada verso era uma ponte entre a
terra e o céu, uma oração soprada com a alma.
A Chama Viva da Esperança ardia ali, diante do
Santíssimo. E, mesmo daqui, eu a sentia pulsar dentro de mim.
Não é preciso estar fisicamente presente quando
se está em espírito e verdade. Jesus Cristo, exposto no Sacramento do Amor, era
contemplado com reverência. Minha casa se fez templo. Meu coração, capela
interior. Cada palavra do hino era um sussurro de confiança. Cada silêncio, uma
entrega.
E após a oração fervorosa, os sinos do espírito
anunciaram o momento da procissão. A Cruz luminosa abriu o caminho. Fieis, com
passos lentos e emocionados, conduziam o Santíssimo Sacramento sob o pálio. Era
Jesus, caminhando entre o seu povo, levando luz onde há sombras, cura onde há
feridas, e paz onde há inquietações.
A procissão, mais que um rito, era um clamor
de fé viva. Como os discípulos de Emaús, o coração ardia só de saber que Ele
caminhava conosco. Mesmo à distância, acompanhei com olhos marejados esse gesto
de adoração profunda, vendo na tela o brilho das luzes, o canto suave e o
silêncio reverente das almas em marcha.
E essa chama — essa chama viva que Maria cuida
com amor — não se apaga mais em mim.
Amém.