14 de janeiro de 2012

APRECIEM AS POESIAS DE JOSÉ PAIS DE MOURA




Eu vi...



I

Eu vi... teus olhos chorarem,

Choro de pura alegria.

Vi... os fieis a rezarem

Preces à Virgem Maria.



II



Eu vi... teu largo sorriso,

Sempre um sorrir de fineza.

Vi... teu lar, teu paraíso...

“fartura de pão na mesa.”



III



Eu vi... crianças, brincarem,

Brincadeiras tão sadias.

Vi... braços se abraçarem...

“bom, assim, todos os dias!”



IV



Eu vi... flores tão viçosas

Embelezarem meu lar.

Vi... gaivotas tão garbosas,

Rasantes ao verde mar.



V



Eu vi... água borbulhar

Borbulhas tão cristalinas.

Vi... bem pertinho do mar,

A brancura das salinas.



VI



Eu vi... a chuva regar

Um canteiro, só de flores.

Vi... a toalha enxugar

Não só um, mas dois amores.

VII


Eu vi... a montanha fria,

Estava eu, tremelicando.

Vi... neve, que lá caía,

Ouvi vento assobiando.


VIII

Eu vi... o lindo florir

De uma flor em botão.

Vi... o charme do teu sorrir,

Quando o sorriso é paixão.


IX

Eu vi... a água correndo

Para o mar, água do rio.

Vi... meu canário morrendo,

Fechou seus olhos do frio.

X


Eu vi... chorar a criança,

Seu choro, tanto deu pena.

Vi... até, minha bonança!

Resolvi... outro dilema.

XI

Eu vi... o tiro certeiro,

Logo caiu o ladrão.

Vi... após, o seu coveiro

Lançar a terra ao caixão.

XII

Eu vi... o verde dos campos...

Brotar o trigo dourado.

Vi... choro de mãe, em prantos

Por seu filho, já drogado.

XIII

Eu vi... teus olhos abertos,

Fechados, quando no leito.

Vi... senti, a descoberto,

A rigidez do teu peito.

XIV


Eu vi... eram horas mortas

O brilho da lua cheia.

Vi... após, dentro de portas

A luz frouxa da candeia.


XV

Eu vi... nascer os meus filhos...

Partos, a mãe, suas dores.

Vi... refleti, os cadilhos.

“são eles nossos amores”!


XVI

Eu vi... um pobre chorar,

Chorava como ele só.

Vi... o rico barafustar...

Fechou a porta, sem dó!



XVII



Eu vi... no caramanchão

O colibri esvoaçar.

Vi... na selva, seu torrão,

A jibóia rastejar.



XVIII



Eu vi... como namoriscar,

“julgavam estar a sós!”

Vi... os dois a copular

E o filho... meses após!...



XIX



Eu vi... também, andorinhas

Na primavera chegaram.

Vi... tantas ervas daninhas

Que no bico elas levaram.


XX

Eu vi... um ninho já feito

E do barro, endurecido.

Vi... o casal já no leito

E o grupinho enternecido.

XXI

Eu queria ver... sim, também,

Nosso mundo unificado.

O sorriso daquela mãe

Com seu filho... já curado!...


XXII


Queria mais ver... quem me dera!

Viver uns aninhos mais...

Sabendo da vossa espera:

“mais versos deste Zé Pais”.




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N Ã O V E N H AS T A R D E








Dia tão marcante


Triste aquele dia!






Partiste, sem saber se mais te via...


Hoje, resmungando, errante,


Tão só, de ti, estou distante!






Dessa voz timbrada, do doce teu corpo,


Penso e desespero... Não tenho conforto!






Da circunstância,


Longe, à distância De manso, baixinho,


Quando está sozinho, chama por alguém,


E escuto: vem... Vem... Vem!






Na certeza... Esse alguém és tu.


Quero ver teu rosto,


Só, pra mim exposto,


E, saborear, esse belo nu.






Fitar apenas, só apenas, a foto, o semblante?


Não, não, tal não me basta!


Minha alma, dia-a-dia mais se arrasta, desgasta...






Quero ser amado,


Na certeza da Felicidade!


Deveras tão meigamente


Quero-te ao meu lado.


Ansiosamente, peço de agrado:


Não, não... Não venhas tarde!







Poesias de  José Pais de Moura
Niterói/Janeiro-2012




José Pais de Moura -  Natural de Soure - Portugal - "Soure" é uma vila portuguesa no Distrito de Coimbra, região Centro e sub-região do Baixo Mondego, com cerca de 7 900 habitantes. José Pais é casado  e reside atualmente em Niterói. Considerado por muitos o "Poeta do amor", devido a sua extensa escrita sobre o tão nobre sentimento o AMOR. Frequentador assíduo dos eventos "Escritores ao Ar Livro" Na Praça Getúlio Vargas - Icaraí.  Se você  deseja conhecer mais poesias e mais  sobre ele entre em contato escrevendo  para  o   e-mail :  
jpaismoura@hotmail.com

 ou espere postagens em seu blog que será divulgado em breve. Aguarde...

10 de janeiro de 2012

APRECIEM AS POESIAS DE GILSON RANGEL ROLIM

APRECIEM AS POESIAS DE
GILSON RANGEL ROLIM





VIDA (I)



A infância, o medo,

a juventude,

o tempo, o sol,

a luz, o vento,

a dor, a morte,

a finitude,

o sonho, o espaço,

o pensamento,

o choro, a queixa,

a enfermidade,

o sofrimento,

a tibieza,

o riso, o canto,

a melodia,

o abraço, o beijo,

a gentileza,

a flor, a cor,

a fantasia,

o céu, o mar,

o barco à vela,

o rio, o lago,

a mata, o verde,

a passarada,

o pescador,

a trovoada,

a vida alegre,

a rude vida,

a noite fria,

o cobertor,

o corpo quente,

o doce amor,

o meigo olhar,

o coração,

a simpatia,

a indecisão,

o triste aceno,

a despedida

e uma saudade.

E assim se faz

cada momento

a vida, o tempo,

a eternidade.





 

VIDA (II)



A infância, o medo, a juventude,

o tempo, o sol, a luz, o vento,

a dor, a morte, a finitude,

o sonho, o espaço, o pensamento.



O sofrimento, a tibieza,

o riso, o canto, a melodia,

o abraço, o beijo, a gentileza,

a flor, a cor, a fantasia.



A chuva forte, a trovoada,

o céu, o mar, o barco à vela,

o rio, o lago, a mata, o verde,

a flor do ipê, a aquarela.



O doce amor, o meigo olhar,

o coração, a simpatia,

o cobertor, o corpo quente,

o leito humilde, a noite fria.



A indecisão, o triste aceno,

a despedida e uma saudade.

E assim se faz cada momento

a vida, o tempo, a eternidade.





*****



Um apanhado de emoções

e sentimentos

a fazer com que a vida

seja o que é:

Amor, paixão, desamor,

a morte no meio.

Vitórias, sucessos,

temor do fracasso,

a dureza da luta,

o êxito, enfim.

Sementes plantadas,

o ocaso, o cansaço.

E quando se vê,

o tempo passou.







*****


Talvez eu repita demais

ser um grão da Eternidade;

penso que exagero:

sou apenas um átomo

do átomo desse grão.

Mas penso, vejo e sinto

que tudo é real,

mesmo o invisível.

Pobre do mundo

sem essa percepção!

 

*****


Igualdade ― alcançá-la é utopia,

mas buscá-la não é.

Como conseguir? Não sei.

Mas sei que é preciso mudar,

é preciso fazer diferente

do que tem sido.

É preciso que se chegue

a um mundo capaz

de reduzir as desigualdades.

Pois um desfile não se faz

com uns poucos, garbosos,

indo à frente;

e muitos, maltrapilhos,

indo atrás.



*****

 

O corpo sofre

os pecados da alma.

A alma sofre

os pecados do corpo.

E os dois sofrem,

solidariamente.

Assim tem sido

desde que o mundo é mundo.

 
*****

 
Um quadro mais que rude,

miséria em plenitude.

Trapos humanos,

jovens e velhos,

homens, mulheres,

crianças seminuas,

largadas nas ruas.

Retrato sem retoque

de um cancro social.


*****

 

Não há maior mistério do que o Espaço,

talvez até maior que a própria Morte.

Daí porque não haja quem suporte

a ideia de que a Fé seja um fracasso.



Não se faça da tese estardalhaço,

pois causa controvérsia de tal porte,

que ao defendê-la dito a minha sorte;

temo causar a mim certo embaraço.



O Tempo, que do Espaço é dependente,

e intriga todos nós que somos gente,

é mistério, também, por sua vez.



Eu dou graças, então por minha Fé.

que faz a minha vida ser o que é,

e louvo o Criador que assim me fez.





CORDA BAMBA (I)



Viver é equilibrar-se

sobre o fio invisível

de um mistério insondável;

é aceitar-se incapaz

de furar o bloqueio

envolvente da vida.

Viver é conformar-se

em ser personagem

de uma peça sem fim;

é juntar-se ao elenco

no imenso cenário

no qual atuamos.

Viver é ver-se integrado

à grande engrenagem

da qual somos peça;

é, enfim, não ficar

indiferente ao que vê

nem alheio ao que sente.





CORDA BAMBA (II)


 
Equilibrar-se sobre o fio invisível

de um mistério insondável;

aceitar-se incapaz de furar o bloqueio

envolvente da vida;

conformar-se em ser personagem comum

de uma peça sem fim,

no imenso cenário

em cujo elenco todos nós atuamos;

ver-se integrado à grande engrenagem

da qual somos peça.

Enfim, não ficar indiferente ao que vê

nem alheio ao que sente.

Viver é apenas isso




Gerações incontáveis

de gente e de bichos

em levas a se repetirem

num cenário quase o mesmo

vieram antes de nós.

Gerações incontáveis

também de gente e de bichos

igualmente em levas

num cenário quase igual

hão de vir depois de nós.

E nós, quem somos afinal?

Atores e figurantes

de uma peça que não se acaba;

passageiros e caronas

numa viagem que não tem fim.

Ah, esse infinito

que assusta se nele pensamos,

que pouco importa

se dele nos esquecemos.

Ah, esse infinito,

roda gigante da Eternidade.




Sinta a beleza que há no olhar

de uma criança

e aprenda esperança,

aprenda esperança.



Criança, amanhecer da vida,

ponto de partida do existir;

ensaio e aprendizado,

idade da inocência

véspera do que há de vir.









 Gilson Rangel Rolim – Escritor, poeta, contador, acadêmico. Nasceu em 13 de abril de 1929, na cidade de Mimoso do Sul - ES, filho de Lauro de Azevedo Rolim e Maria Izabel Rangel Rolim. Deixou a cidade natal aos dois anos, seguindo para a localidade de Chave de Santa Maria, no município de Campos. Em 1934 veio para Niterói, onde permaneceu até 1939. De janeiro de 1940 a agosto de 1943 residiu em Macaé, período marcante de sua vida: a pré-adolescência. Deixando Macaé, por falecimento de sua mãe, retornou a Niterói. Cursava o terceiro ano ginasial no Ginásio Municipal de Macaé quando da mudança. Já na antiga capital fluminense, completou o ginasial no Colégio Plínio Leite. Em 1945, as circunstâncias levaram-no a trabalhar de dia e estudar à noite; mudou-se, então, para o Rio, capital federal na época. Após três anos na Academia de Comércio do Rio de Janeiro (Cândido Mendes), obteve o grau de Contador, equivalente, hoje, ao de Ciências Contábeis. Em setembro de 1947 voltou a residir em Niterói, permanecendo até hoje.




Vida Literária

Em 1954, no Diário do Povo, escreve as primeiras crônicas de cinema; foram, apenas, alguns meses. Em setembro de 1961, a convite de Carlos Couto, passa a colaborar com o semanário PRAIA GRANDE EM REVISTA, como crítico cinematográfico, atividade que manteve durante o pouco mais de um ano que teve o PGR. Em 1965 escreveu o poema O GRITO o qual, devidamente traduzido para o Inglês, foi enviado ao Pastor Martin Luther King Junior. Em carta pessoal, que o autor guarda com carinho, o grande líder agradeceu essa colaboração a sua luta. Em 1966 e 1967 teve seus primeiros poemas publicados em O Fluminense, na seção Prosa & Verso, então sob a direção de Sávio Soares de Sousa. Em 1968, é selecionado para a final do Festival Fluminense da Canção (O Brasil Canta no Rio), transmitido pela TV Excelsior, com a canção Eu Andei Pelo Mundo, musicada por Frederico Leite Pereira; o resultado final deu-lhe o oitavo lugar entre as trinta e seis finalistas. Seus trabalhos literários vão sendo guardados até que, em 1988, sob o patrocínio da empresa NITRIFLEX, tem publicado o livro ALGUNS VERSOS, ALGUMA POESIA, que teve boa receptividade entre os críticos de nossa cidade. Depois desse, e até que viesse a publicar O TEMPO NEM ME VIU PASSAR, em 2004, publicou artesanalmente com divulgação em âmbito restrito, os seguintes livros: Mais ALGUNS VERSOS, ALGUMA POESIA Talvez (1991), PROSA, VERSOS & ETC (1997), Um Pouco Mais de PROSA, VERSOS & ETC (1999) e CONTOS, VERSOS & OUTROS ESCRITOS (2002). Em 2005, lançou o livro REVIVENDO MEUS PASSOS (Retalhos de Memória). Em maio de 2006, lançou o livro DOIS MOMENTOS, de prosa e versos, com prefácios de Sávio Soares de Sousa para os versos, e de Antonio Soares para a prosa. Fez acompanhar este livro de uma coletânea de versos que intitulou VERSOS A GRANEL. Ainda em 2006, escreveu uma sinopse do famoso romance de José Cândido de Caravalho, O Coronel e o lobisomem. Em 2008, publicou UM SIMPLES CURSO D’ÁGUA, em 2009, ESTAÇÃO OITENTA e, em 2010, NA POEIRA DO TEMPO, e lançou recentemente o livro “Puxando Conversa”.Além de trabalhos literários, escreveu um pequeno livro profissional intitulado ELEMENTOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE PARA PROFISSIONAIS DE OUTRAS ÁREAS. É acadêmico titular da Academia Niteroiense de Letras, desde a posse em 12 de setembro de 2004. É também membro da Academia Brasileira de Literatura desde 2008. Paralelamente a essa atividade literária, e intimamente ligada a ela, produziu composições musicais de caráter popular (letra e música), em alguns casos em parceria com seu professor, o consagrado e saudoso músico Sylvio Vianna, seu amigo e professor. Em 2006, fez palestra sobre o Centro de Niterói, dentro do VIII Curso de História de Niterói, do IHGN. Muitos de seus trabalhos tem sido publicados no jornal UNIDADE, do qual é assíduo colaborador.