30 de novembro de 2014

COMO TER UM BOM DIA - GRATIDÃO - TRADUÇÃO DR. ALEXANDRE FELDMAN.



(CLICAR NA IMAGEM PARA ASSISTIR AO VÍDEO)



Ou no canal You Tube




 Para ter um BOM DIA, garantidamente - assista a este vídeo em tela cheia, todos os dias, de manhã ao acordar. O maior presente que podemos ganhar é o dia de hoje.

Assistir a este filme de 5 minutos, todos os dias, pela manhã, é garantir que você terá um BOM DIA, todos os dias. Se você estar triste, com problemas no trabalho ou em casa, falta de dinheiro, se a vida lhe parece perder o sentido, ou também - e espero que seja este o caso - se você está muito feliz, assista a este vídeo. Vamos juntos agradecer por este presente único, mágico e insubstituível que é o dia de hoje.

O filme é de Louie Schwartzberg, e é um espetáculo de arte cinematográfica. Na verdade é apenas um pequeno trecho do maravilhoso filme intitulado "Moving Art", que vale muito a pena adquirir e assistir. Saiba mais -  www.movingart.com  

A voz sobreposta a este vídeo é de um grande mentor espiritual, o monge beneditino, antropólogo e psicólogo Irmão David Steindl Rast. Nascido em 1926, recebeu treinamento zen budista com aprovação do Vaticano, e passou a vida intercalando anos de reclusão com anos de aparições, aulas e palestras no mundo inteiro. Autor de vários livros, atualmente coordena a Rede Mundial de Vida em Gratidão, www.gratefulness.org  


 Publicado em 8 de fev de 2014 






TRADUÇÃO DR. ALEXANDRE FELDMAN
MEDICINA DO ESTILO DE VIDA


24 de novembro de 2014

SOMOS QUEIJO GORGONZOLA - POR MAITÊ PROÊNÇA.




SOMOS QUEIJO GORGONZOLA



Estamos envelhecendo, estamos envelhecendo, estamos envelhecendo, só ouço isto. No táxi, no trânsito, no banco, só me chamam de senhora. E as amigas falam “estamos envelhecendo”, como quem diz “estamos apodrecendo”. Não estou achando envelhecer esse horror todo. Até agora. Mas a pressão é grande. Então, outro dia, divertidamente, fiz uma analogia.

O queijo Gorgonzola é um queijo que a maioria das pessoas que eu conheço gosta. Gosta na salada, no pão, com vinho tinto, vinho branco, é um queijo delicioso, de sabor e aroma peculiares, uma invenção italiana, tem status de iguaria com seu sabor sofisticadíssimo, incomparável, vende aos quilos nos supermercados do Leblon, é caro e é podre. É um queijo contaminado por fungos, só fica bom depois que mofa. É um queijo podre de chique. Para ficar gostoso tem que estar no ponto certo da deterioração da matéria. O que me possibilita afirmar que não é pelo fato de estar envelhecendo ou apodrecendo ou mofando que devo ser desvalorizada.

Saibam: vou envelhecer até o ponto certo, como o Gorgonzola. Se Deus quiser, morrerei no ponto G da deterioração da matéria. Estou me tornando uma iguaria. Com vinho tinto sou deliciosa. Aos 50 sou uma mulher para paladares sofisticados. Não sou mais um queijo Minas Frescal, não sou mais uma Ricota, não sou um queijo amarelo qualquer para um lanche sem compromisso. Não sou para qualquer um, nem para qualquer um dou bola, agora tenho status, sou um queijo Gorgonzola.
 
O gorgonzola é uma variedade de queijo azul fabricado com leite de vaca, originário da localidade de Gorgonzola, nos arredores de Milão, na Itália.
 
 
Maitê Proença - atriz e escritora
 
Maitê Proença Gallo  nasceu em São Paulo no dia  28 de janeiro de 1958, é uma atriz, apresentadora de televisão e escritora brasileira.
Considerada por muitos, uma das mais belas atrizes brasileiras, já foi capa de revistas masculinas, como a edição brasileira da revista Playboy. Foi uma das raras mulheres a ganhar um suplemento especial na revista. Em 1987, após tantas recusas de convites para posar nua, finalmente aceitou, tornando-se um dos maiores símbolos sexuais do Brasil. A edição vendeu 630 mil exemplares, o maior número de vendas no mercado editorial até então. Posaria uma segunda vez, em 1996, aos 38 anos, na belíssima paisagem da Sicília, e reconfirmaria o sucesso, desta vez, a revista alcançou a marca dos 720 mil exemplares vendidos.
Filha de Margot Proença e Augusto Carlos Eduardo da Rocha Monteiro Gallo, Maitê Proença nasceu em São Paulo e passou sua juventude em Campinas. Tem origem portuguesa, sendo seu avô materno e seu avô paterno portugueses.  Aos cinco anos de idade, foi matriculada na Escola Americana de Campinas, que era destinada principalmente a filhos de norte-americanos residentes no Brasil.
O ano de 2003 foi marcado pela sua estreia na revista Época com uma coluna de crônicas. Após quase 25 anos de carreira, Maitê revelou seu talento também para a literatura. As crônicas escritas quinzenalmente conquistaram o público por seu estilo franco, delicado e inteligente. Simultaneamente, destacou-se na temporada daquele ano do seriado adolescente Malhação e também rodou o filme Jogo Subterrâneo.
No final de março de 2008, lança o livro Uma Vida Inventada, que fica em 1º lugar no ranking da revista Veja, além de permanecer inúmeras semanas entre os 10 mais vendidos na categoria Ficção. Viaja pelo Brasil lançando o livro em diversas cidades.
Com o texto de As Meninas pronto, começa a montagem da peça. Em junho, viaja para Bali, na Indonésia, para as gravações da novela Três irmãs, de Antônio Calmon, com direção de Dênnis Cavalho, interpretando Walkíria.
"Adoro o trabalho, o clima é o melhor que já vi em muito tempo. Não há peso, olhares enviesados, palavras irônicas, diz que disse por trás. Nada! Mérito nota 1000 do Dênnis, que sabe escolher elenco e equipe como ninguém. Uma alegria! Vou para as gravações como quem vai ao parque de diversões!". – Diz: Maitê.
 
LITERATURA
2003/04 - Crônicas para a Revista Época
2005 - Entre Ossos e a Escrita
2006 - Achadas e Perdidas
2008 - Uma Vida Inventada: Memórias Trocadas e Outras Histórias
2008 - As Meninas (parceria com Luís Carlos Góes).
 
 
 

 

20 de novembro de 2014

ORAÇÃO AO TEMPO POR CAETANO VELOSO / CD CINEMA TRANSCENDENTAL.


(CLICAR NA IMAGEM DO CAETANO VELOSO,
PARA OUVIR A MÚSICA, ORAÇÃO AO TEMPO).





Ou clicar no link do Canal do You Tube.




ORAÇÃO AO TEMPO



És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo, tempo, tempo, tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo, tempo, tempo, tempo

Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Entro num acordo contigo
Tempo, tempo, tempo, tempo

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo, tempo, tempo, tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo, tempo, tempo, tempo

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo, tempo, tempo, tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo, tempo, tempo, tempo

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo, tempo, tempo, tempo
Quando o tempo for propício
Tempo, tempo, tempo, tempo


De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo, tempo, tempo, tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo, tempo, tempo, tempo

O que usaremos pra isso
Fica guardado em sigilo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo, tempo, tempo, tempo

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Não serei nem terás sido
Tempo, tempo, tempo, tempo

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo, tempo, tempo, tempo

Portanto, peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo, tempo, tempo, tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo, tempo, tempo, tempo

Caetano Veloso



CAETANO VELOSO

  

Caetano Emanuel Vianna Telles Neila Velloso nasceu em Santo Amaro da Purificação, 2 de agosto de 1942 é um músico, produtor, arranjador e escritor brasileiro. Com uma carreira que já ultrapassa quatro décadas, Caetano construiu uma obra musical marcada pela releitura e renovação e considerada amplamente como possuidora de grande valor intelectual e poético.Embora desde cedo já tivesse aprendido a tocar violão em Salvador, escrito entre os anos de 1960 e 1962 críticas de cinema para o Diário de Notícias e conhecido o trabalho dos cantores de rádios e dos músicos de bossa nova (notavelmente João Gilberto, seu "mestre supremo"4 e com quem dividiria o palco anos mais tarde), Caetano iniciou seu trabalho profissionalmente apenas em 1965, com o compacto "Cavaleiro/Samba em Paz", enquanto acompanhava a irmã mais nova Maria Bethânia por suas apresentações nacionais do espetáculo Opinião, no Rio de Janeiro.

Nessa década, conheceu Gilberto Gil, Gal Costa e Tom Zé, participou dos festivais de música popular da Rede Record e compôs trilhas de filmes. Em 1967, saiu seu primeiro LP, Domingo, com Gal Costa, e, no ano seguinte, liderou o movimento chamado Tropicalismo, que renovou o cenário musical brasileiro e os modos de se apresentar e criar música no Brasil, através do disco Tropicalia ou Panis et Circencis, ao lado de vários músicos. Em 1968, face ao endurecimento do regime militar no Brasil, compôs o hino "É Proibido Proibir", que foi desclassificado e amplamente vaiado durante o III Festival Internacional da Canção.

Em 1969, foi preso pelo regime militar e partiu para exílio político em Londres, onde lançou o disco Caetano Veloso (1971), disco com temática melancólica e com canções compostas em inglês e endereçadas aos que ficaram no Brasil. O disco Transa (1972) representou seu retorno ao país e seu experimento com compassos de reggae.

Em 1976, uniu-se a Gal Costa, Gilberto Gil e Maria Bethânia para formar os Doces Bárbaros, grupo influenciado pela temática hippie dos anos 1970, lançando um disco, Doces Bárbaros, e saindo em turnê. Na década de 1980, mais sóbrio, apadrinhou e se inspirou nos grupos de rock nacionais, aventurou-se na produções dos discos Outras Palavras, Cores, Nomes, Uns e Velô, e, em 1986, participou de um programa de televisão com Chico Buarque. Na década de 1990, escreveu o livro Verdade Tropical (1997), e o disco Livro (1998) ganhou o Prêmio Grammy em 2000, na categoria World Music. Com o disco A Foreign Sound, cantou clássicos norte-americanos. Em 2006, lançou o álbum Cê, fruto de sua experimentação com o rock e o underground. Unindo estes gêneros ao samba, Zii e Zie, de 2009, manteve a parceria com a Banda Cê, que encerrou-se no disco Abraçaço, de 2012.

Caetano Veloso é considerado um dos artistas brasileiros mais influentes desde a década de 1960, tendo já sido chamado de "aedo pós-moderno". Em 2004, foi considerado um dos mais respeitados e produtivos músicos latino-americanos do mundo, tendo mais de cinquenta discos lançados e canções em trilhas sonoras de filmes como Hable con Ella, de Pedro Almodovar e Frida, de Julie Taymor.

Ao longo de sua carreira, também se converteu numa das personalidades mais polêmicas e com maior força de opinião no Brasil. É uma das figuras mais importantes da música popular brasileira e considerado internacionalmente um dos melhores compositores do século XX, sendo comparado a nomes como Bob Dylan, Bob Marley, John Lennon e Paul McCartney.

Foi eleito pela revista Rolling Stone, o 4º maior artista da música brasileira de todos os tempos pelo conjunto da obra, e pela mesma revista, o 8º maior cantor brasileiro de todos os tempos.






"É exatamente disso que a vida é feita, de momentos.

Momentos que temos que passar,

sendo bons ou ruins,para o nosso próprio aprendizado.

Nunca esquecendo do mais importante:

Nada nessa vida é por acaso. 

Absolutamente nada. Por isso,

temos que nos preocupar em fazer a nossa parte,
da melhor forma possível.

A vida nem sempre segue a nossa vontade,

mas ela é perfeita naquilo que tem que ser."



Chico Xavier





FONTE BIOGRÁFICA

http://pt.wikipedia.org/wiki/Caetano_Veloso 


16 de novembro de 2014

O MENINO QUE CARREGAVA ÁGUA NA PENEIRA POR MANOEL DE BARROS.





O MENINO QUE CARREGAVA
ÁGUA NA PENEIRA



 
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento
e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino gostava
mais do vazio do que do cheio.

Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira





Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.

E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o voo
de um pássaro botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde
botando uma chuva nela.




O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!


A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios com as suas peraltagens
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos.


Manoel de Barros





Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá no dia 19 de dezembro de 1916  e faleceu em Campo Grande, 13 de novembro de 2014.

Foi um poeta brasileiro do século XX, pertencente, cronologicamente à Geração de 45, mas formalmente ao pós-modernismo brasileiro, situando-se mais próximo das vanguardas europeias do início do século e da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade.

Recebeu vários prêmios literários, entre eles, dois Prêmios Jabutis.
É o mais aclamado poeta brasileiro da contemporaneidade nos meios literários. Enquanto ainda escrevia, Carlos Drummond de Andrade recusou o epíteto de maior poeta vivo do Brasil em favor de Manoel de Barros.  Sua obra mais conhecida é o "Livro sobre Nada" de 1996.

Característica marcante da poesia de Manoel de Barros é o uso de vocabulário coloquial-rural e de uma sintaxe que remete diretamente à oralidade, ampliando as possibilidades expressivas e comunicativas do seu léxico através da formação de palavras novas (neologismos). Assim, pelo uso que Manoel de Barros faz da língua escrita reproduzindo e desenvolvendo o legado da oralidade em todos os seus níveis, seu trabalho tem sido muitas vezes comparado ao de Guimarães Rosa, muitos referindo-se ao poeta como "o Guimarães Rosa da poesia". "Desde Guimarães Rosa a nossa língua não se submete a tamanha instabilidade semântica", teria dito o poeta Geraldo Carneiro a seu respeito.

Pode-se dizer que Manoel de Barros, na poesia, tal como Guimarães Rosa na prosa, teria desenvolvido às últimas consequências aquilo que Oswald de Andrade expressava, programaticamente, em seu Manifesto Antropófago.

Talvez, por todas essas características, ele próprio definiu sua arte como "vanguarda primitiva", tendo consciência da sua relação com as vanguardas e o modernismo brasileiro, principalmente o de Oswald de Andrade, vivenciada junto à natureza. Manoel de Barros nunca se afasta do "vanguardismo primitivista"(ver primitivismo), como se pode notar pelo título "Poesia Rupestre" (2004), ganhador de vários prêmios literários de repercussão em todo o Brasil.

ALGUNS LIVROS PUBLICADOS:

Livro de pré-coisas
O guardador das águas
Gramática expositiva do chão: Poesia quase toda
Concerto a céu aberto para solos de aves
O livro das ignorãças
Livro sobre nada
Águas
Para encontrar o azul eu uso pássaros
Menino do Mato
Poesia Completa
Escritos em verbal de ave






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Clicar na imagem para ouvir a música
fundo musical desta postagem.





...E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão...

Chico Buarque




7 de novembro de 2014

A ETERNA AUSENTE - MINICONTO DO MÉDICO GERIATRA E ESCRITOR NORBERTO SERÓDIO BOECHAT.


A ETERNA AUSENTE

  Norberto Seródio Boechat

            


                Década de 50.

                Oito anos.

                Estrada Bom Jesus-Vargem Alegre.

            Ao voltarmos da cidade, lá estava a menina na cerca de sua casa, à espera. Diminuíamos a velocidade para vê-la, infalível, pendurada no cercado do quintal. Segurava-se com a mão direita e acenava a esquerda.

          Loura e branquinha. Muito bonita. Impossível saber de onde vieram as marcas arianas na garota pobre do barraco beirando a estrada. Não entendo, também, por que em nenhum momento paramos, por que não correspondemos num gesto o amor transmitido ao acenar. Creio que em seu reduzido universo, a busca do momento a impregnava, tornando-a parte de outras vidas, das  outras pessoas, do mundo que, então, se desfilava na via solitária. Ansiava, talvez, por um afeto, um toque junto ao coração.

             É provável que fosse filha única. Nunca vimos outra criança ao redor. O que teria sido sua vida entre adultos? Que mundo encerraria o interior da cabana? Como os pais estariam contribuindo para o crescimento do ser que fazia daquele instante breve de nossa passagem a eleição de um acontecimento? Ao respondermos com as mãos, ela sorria feliz. Passávamos e, ao olharmos para trás, ainda a víamos acenando no meio da poeira deixada pelo jipe.

          Hoje, passada tanta vida – e tão rapidamente −, pergunto-me, onde estará? Casou-se? Teve filhos? Foi feliz? Tem um quintal cheio de netos? Morreu? Indagações que no vácuo desse tempo consumido apertam a garganta, deixam aberta a inútil expectativa de um vir a saber que não acontecerá...  É a resposta que se espera, mas que jamais virá...

             Há muito a casa não existe mais. A estrada, asfaltada e, por isso mesmo, inexpressiva de lembranças, é uma reta que matou velhas curvas do caminho. A menina foi-se tal qual o pó, tal qual aquela nuvem de poeira que termina por sobrepor-se às cercas, cobrindo-as de amarelão pálido, triste, aguardando que a chuva venha e lave tudo.

         Não tenho dúvida: a garotinha foi a primeira mulher de minha vida. Tão absoluta que decididamente inesquecível. Definitiva. Jamais a tive. Nunca paramos para que eu me permitisse o contato de gente.

          Assim, porque não a tive, sempre será indelével imagem, a eterna ausente: mão movendo-se avidamente como a dizer, por que não parou? Passou e não ficou para pacificar-me a vida.

      





Este miniconto faz parte do livro "Lembranças  de  Escritas" do médico geriatra e escritor Norberto Seródio Boechat, obra  a sair em novembro pela Parthenon Editora, com capa de Verônica Debellian Accetta e produção do editor Mauro  Carreiro Nolasco.




Nota elaborada por Dalma Nascimento:


    O poema-matriz de Charles Baudelaire (1821-1867), "A une passante". surgiu, quando na multidão ele divisou uma jovem mulher no cruzamento dos bulevares de uma Paris do século XIX. Rápido foi o encontro, deixando-lhe, porém, a visão de uma mulher que passa, mas que lhe ficou no pensamento.

     O poeta surrealista Robert Desnos (1900-1945),  expressou o assunto nestas fantásticas imagens: “Tu não és a que passa, mas a que fica, a noção de eternidade está ligada a meu amor por ti.”

   Também nosso Vinicius de Moraes (1913-1980) principalmente nos versos finais: “Meu Deus, eu quero, quero depressa / Eu quero-a, agora, sem mais demora / a minha amada mulher que passa. Que fica e passa, que pacifica. / Que é tanto pura como devassa / que boia leve como a cortiça / e tem raízes como a fumaça".

  Outros autores, com ressonâncias expressas ou subliminares, completaram o tema, inclusive em Niterói, Sávio Soares de Sousa, nossa personalidade cultural do ano 2013.








Norberto Seródio Boechat, além de escritor e homenageado, é também médico geriatra e gerontólogo.  Com vários livros editados, todos seus textos têm conteúdos de emocionantes lições de vida, memórias autobiográficas. São várias experiências profissionais vivenciadas em mais de 30 anos no exercício da clínica.

Seus textos também transfiguram histórias reais.  Intelectual renomado em nossa cidade, todos seus livros têm visões claras e compreensivas. 


Para conhecer melhor seu trabalho literário, adquira as obras do renomado escritor nas melhores livrarias da cidade.  Veja a relação abaixo de alguns de seus livros:

"Me dê a mão" (crônicas sobre envelhecimento, idosos e asilos);
"Memórias Natalinas" ( O espírito do Natal em oitos contos);
“Estradas” (romance);
“Lembranças de Escritas” (Editora Parthenon – sairá em novembro).










"Não tenho dúvida: 
a garotinha foi a primeira mulher de minha vida. 
Tão absoluta que decididamente inesquecível. 
Definitiva. Jamais a tive. 
Nunca paramos para que 
eu me permitisse o contato de gente..."

Norberto Boechat




COMENTÁRIOS DE IMPORTANTES INTELECTUAIS 



Caro Alberto,
Amei o miniconto do Dr. Norberto Boechat. Faço questão de adquirir seu livro quando for lançado. As ilustrações estão lindas e as notas de Dalma Nascimento, excelentes.
Parabéns pela postagem.
Abs.

Elenir



   Elenir Teixeira - poetisa 



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Prezado Sr. Alberto,

gostaria de parabenizá-lo pelo miniconto do médico Dr. Norberto Boechat.
Gostei muito! Lindo!.
Os desenhos estão radiantes. 
O senhor fez ótima escolha. Arrasou!

Cristiana Silva dos Santos Costa
Sécretaire particulière 



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Alberto.

Li o conto do Boechat, interessante e nostálgico. O nome do autor fez-me lembrar de meu tempo no Plínio Leite, ano 1944, quando, no quarto ano ginasial, tive um colega que se chamava Norberto Herdy Boechat.

O autor do conto é Norberto Seródio Boechat, pode ser que seja parente do que foi meu colega. Se você tiver algo "Sherlock", poderá descobrir; ou obter o e.mail deste que é Seródio.


Abraço. Gilson

Gilson Rangel Rolim - escritor, cronista e acadêmico, personalidade conceituada em nossa cidade.




***


Um belíssimo e impactante conto de Norberto Boechat. Escrito com um forte sentimento de saudade também eterna, fica o leitor, movido pela cativante leitura, com idêntica sensação de perda. Grato por enviar-nos esta obra prima, Alberto! Um abraço.
Hilário.

Hilário Francisconi - escritor, cronista e jornalista, escreve para o Jornal Santa Rosa-Niterói.



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Lindo texto. Boechat é verdadeiro poeta em prosa.
Um abraço.

Raimundo Floriano.



Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, funcionário da Câmara dos Deputados, escritor nascido em Balsas- MA  e atualmente, mora  em Brasília, escreveu vários livros, dentre tantos: "Do jumento ao parlamento(2003); "De Balsas para o mundo(2010); "Pétalas de Rosa" - memórias de sua família e outros.



***



O escritor francês Montaigne, no livro "Essais", explica  logo no início (p.9, Edição da Pléiade) ao seu leitor que "C´est moi-même la matière de mon livre" (Sou eu mesmo o tema do meu livro). Tal  afirmação pode-se adequar à escrita memorialística de Norberto Seródio Boechat, pois, em toda a sua obra, ele transfigura situações bem pessoais de sua vida.

Este texto "Eterna ausente" (lançado  em primeira mão no Blog do jornalista  Alberto Araújo) é exemplo de uma das múltiplas passagens do sua existência, transcritas no novo livro "Lembranças de escritas", que tive  o privilégio de ler antes de ir para a Editora Pathernon.

Pela sensibilidade e domínio poético das descrições, Boechat desperta, de fato, emoção no leitor.  

Olívia Barradas- doutora e professora de Teoria Literária, Semiótica e Literatura Comparada da UFRJ. Ex-professora de Literatura Brasileira da Universidade Paris III, artista plástica, atualmente com exposição no Iate Clube do Rio de Janeiro.



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Poético retrato de lembranças que se sustentam através do tempo. Pensar que hoje tudo é tão descartável, efêmero... 
Puro deleite. 
Aguardo o livro ansiosamente. 
Grata, Dr. Norberto.

Um abraço





Belvedere Bruno,
escritora, jornalista, roteirista de cinema, fotógrafa cultural, reside em Niterói – RJ.



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Realmente encantador o texto do Dr. Norberto, exalando muita sensibilidade, a meu ver, uma das mais significativas qualidades do ser humano, em especial quando o assunto é literatura.
Todos nós estamos de parabéns: Dr. Norberto pela capacidade de exprimir tamanha emoção; Dalma Nascimento, pela perfeita e erudita análise; Verônica Accetta, pela belíssima ilustração; o editor do blog Alberto Araújo, pela impecável seleção do texto para publicação; e nós, leitores, pelo privilégio de poder deixar a imaginação “viajar” num conto tão delicado, verdadeiro deleite nesse domingo nublado.



Izaura Sousa e Silva - formada em Comunicação (UFF) e funcionária do BNDES


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É um pequeno grande texto. A recordação daquele fato tem a cor de saudade e o perfume do amor. Aceite, prezado companheiro das letras, meu comovido abraço.

Luiz Calheiros



Luiz Calheiros – escritor e acadêmico, autor de vários livros: Dívidas de Amor – 1ª edição(1995); Acordo Final(1998); Dança das faces (2002); Fazenda Liberdade (2008); A Marca da Vingança (2010) e outros.




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Sr. Editor Alberto Araújo,

Gostei muito do texto do Dr. Boechat. Memórias sempre me comovem, porque eu também já as tenho muitas arquivadas. Percebe-se na narrativa a tristeza "do não feito", vindo, agora à tona.

Sérgio Rubens Barbosa de Almeida, professor universitário,
Doutor em Literatura Comparada (UFRJ), tradutor.



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Nós, do Parthenon, temos a honra e alegria de publicar, mais uma vez, um livro de Norberto Seródio Boechat.

O tema de “A eterna ausente”, que abre “Lembranças de Escritas”, envolve. A narrativa nos leva a pensar em etéreos encontros que vão além deste tempo-espaço em que um acenar de mãos provoca movimentos afetivos, cujos ecos reverberam eternamente.

Não são simples “lembranças”, mas perenes presenças grafadas pela sensibilidade do autor. Ele as capta com singeleza, e nos devolve qual asas de borboleta dardejante em torno de nós.





PARTHENON Centro de Arte e Cultura



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"Há muito a casa não existe mais"que retrato de dor. E vindo emoldurado pela nota da extraordinária Dalma Nascimento, é um convite a se conhecer a obra do autor.


Julio



Julio Lellis, cineasta. 

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Caro Alberto,
Pessoas tornam-se universais, quando marcam caminhos.
É o que penso de você.
Muito obrigado.

Norberto Boechat


Norberto Boechat - escritor, 
médico geriatra e gerontólogo.








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