Até hoje
eu não sei...
Não sei
como um ser humano pode resistir à perda de um filho. É antinatural, é cruel, é
inexplicável. Quanto mais conheço gente que passou por isso, mais me dou conta
da minha pequenez e do quanto é preciso ser realmente forte para, como dizia
Drummond, ter “os ombros que suportam o mundo”. É o tipo de sofrimento
impossível de ser disfarçado ou relativizado. É como me disse certa vez uma mãe
que perdeu o filho com leucemia, “a dor de uma amputação. Você não tem mais
aquela perna e aprenderá a caminhar sem ela. Mas a caminhada nunca mais será a
mesma e, muitas vezes, o membro que não está lá vai latejar”. Ou então,
como me disse uma mãe há um ano, num encontro que tivemos: “Quem perde o marido
fica viúva, quem perde a mãe fica órfã, mas quem perde o filho fica o quê?”, me
questionava ela, numa angústia que saltava aos olhos. Não sei que nome se dá a essa dor! Não sei o quê fazer dela, o que apreender
dessa experiência. O que tenho presenciado no convívio com pais e mães que
perderam seus filhos é que essa é a maior prova de desapego à qual podemos ser
submetidos. Desapego não apenas do ser gerado, amado e acalentado, mas de uma
vida que terá de ser completamente reinventada.
A dureza da vida que se conhecia até então, as pequenezas que nos faziam sofrer, os sofrimentos que pareciam tão grandes e intransponíveis tornam-se todos, de repente, pequenos e irrisórios. Há que se aprender que o amor não se encontra mais do lado de fora, no semblante do filho querido, mas do lado de dentro, no coração onde ele estará para sempre guardado. É preciso coragem redobrada para entregar à vida o pedaço que ela nos tomou de volta. É necessário ter força extrema para enfrentar a falta mais dolorida que existe, aquela que Chico Buarque cantou nos versos: “Oh, pedaço de mim/ Oh, metade arrancada de mim/ Leva o vulto teu/ Que a saudade é o revés de um parto/ A saudade é arrumar o quarto/ Do filho que já morreu... ”
Saudades
de você, meu querido e eterno menino...
Sílvia
Tani (Santa Rosa)
Niterói,
08/04/2013
Saudades de você, minha querida e eterna mãezinha...
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