Registros históricos e estudos recentes apontam que sim, e que isso teria ocorrido no nosso litoral nordestino, testemunhado na Bahia, em Pernambuco e na Paraíba. Mas essa história começou do outro lado do Oceano Atlântico, no dia do Grande Terremoto de Lisboa.
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Há 10 anos que minha musa falava sobre essa história, no entanto, tinha vontade de conhecer esse fenômeno que causou tantas destruições em regiões brasileiras. É muito bom a gente conhecer essa história. Abraços do Alberto Araújo.
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Costa do Nordeste já sofreu com Tsunami após terremoto que atingiu Portugal
Claudia Jurberg
No dia 1º de novembro de 1755, Lisboa foi arrasada por um terremoto que desencadeou um dos mais devastadores tsunamis, atingindo as costas atlânticas da África, América e Europa. Até recentemente, os impactos transatlânticos deste tsunami tinham sido descritos apenas para algumas ilhas do Caribe, mas o grupo de pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) realizou um trabalho de campo, no qual percorreu 270 km, incluindo 22 praias, entre o Rio Grande do Norte e o sul de Pernambuco. Entre as amostras coletadas em quatro diferentes locais, uma delas apresentou evidências da chegada do tsunami também na costa brasileira.
Os pesquisadores analisaram documentos históricos, rodaram modelos numéricos e coletaram dados sedimentológicos que confirmam a chegada do tsunami de 1755 também no Nordeste do país. Para selecionar os pontos mais prováveis de terem preservado o registro geológico desse evento, os pesquisadores partiram dos registros históricos disponíveis sobre um possível impacto do tsunami na costa brasileira, o grupo realizou simulação numérica para identificar áreas ao longo da costa mais suscetíveis a fortes inundações naquele ano.
Com base nisso, vários levantamentos sedimentológicos foram realizados. Em Pontinhas (PB), foi possível detectar uma camada peculiar de areia grossa. Análises geoquímicas, do tamanho de grão, e outros itens das camadas sedimentares sugerem uma associação com um evento de alta energia como responsável pela deposição. Com base em todos os dados de modelagem histórica, sedimentológica e numérica apresentados, os pesquisadores da Uerj indicam uma associação altamente provável e compatível ao tsunami de 1755, demonstrando pela primeira vez as evidências desse fenômeno no Atlântico Sul.
Segundo Francisco Dourado, que recebe apoio da FAPERJ para a realização de sua pesquisa por meio do programa Jovem Cientista do Nosso Estado, esses valores validam o modelo associado aos registros históricos que relatam “[...] enchente do terremoto entrou pela terra dentro, couza de humalegoa [...]” (citado por Alberto Veloso, membro da equipe, no livro “Tremeu a Europa e o Brasil também.”,2015, p. 125), sendo uma légua equivalente entre quatro e cinco quilômetros.
Grupo de pesquisa coordenado por Dourado sobre desastres naturais, o Cepedes (www.cepedes.uerj.br) ainda possui um projeto aprovado dentro do Brics – grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, cujo objetivo é a troca de experiências entre Brasil, China e Rússia sobre metodologias de mapeamento de áreas de risco de deslizamentos em regiões montanhosas. A área de estudo no Brasil será a região serrana do Rio de Janeiro. "Estão programadas visitas em Chengdu, na base da cordilheira do Himalaia na China e na região de Sochi, na Rússia, palco das Olímpiadas de Inverno de 2014, assim como a vinda de delegações da China e da Rússia que serão recebidas na Uerj. Desses encontros, espera-se recomendação sobre as melhores práticas de mapeamento de áreas de risco a deslizamentos de terra encontradas nos três países", conta Dourado.
O grupo de pesquisa, composto por alunos de graduação, de pós-graduação, docentes e outros pesquisadores da Uerj e de outras instituições de pesquisa do Rio de Janeiro, ainda possui um projeto de extensão em escolas públicas do estado, onde é usada a técnica da "Realidade Aumentada" em uma caixa de areia para simular locais com maior risco de deslizamentos e inundações. "Foram feitas visitas a 22 escolas entre 2017 e 2019. Nesses encontros, foram abordadas questões sobre desastres naturais, que alcançaram um público de mais de 11 mil alunos e funcionários", diz o pesquisador.
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