26 de setembro de 2010

UM TAXISTA ESPECIAL

Um taxista especial

Os noticiários da televisão, vez que outra, mostram fatos que nos emocionam, pela grandeza de seus personagens.

Foi o que aconteceu com um indiano muito especial, chamado Sharma.

Cidadão da índia, homem simples e sem recursos financeiros, percebendo as crianças de seu país crescendo sem as mínimas possibilidades de freqüentar uma escola, resolveu fazer alguma coisa concreta para ajudá-las.

Mudou-se para os Estados Unidos e foi trabalhar como taxista em Nova Yorque.

O salário não era o bastante, mas não importava o tempo que levasse, ele estava disposto a ajudar seus irmãos indianos. Assim se propôs, assim fez.

Tudo o que ele conseguia guardar, eram dez dólares por dia. O cofre era um pequeno pote sem tampa no qual sua esposa depositava diariamente a pequena importância. Em pouco mais de dois anos ele conseguiu ajuntar cerca de U$ 7.000 (sete mil) dólares.

Com esse valor construiu uma escola em sua cidade natal para atender dezenas de crianças, principalmente meninas, que têm mais dificuldade de acesso à educação naquele país.

Mas aquele indiano especial não parou por aí. Continuou trabalhando como taxista e enviando o salário dos seis professores que contratou para ensinar seus tutelados.

Diz ele que seu sonho está parcialmente realizado, pois deseja construir uma escola de segundo grau para dar continuidade à instrução dos seus concidadãos.

Não temos dúvidas de que ele conseguirá, pois já provou que tem disposição e coragem de arregaçar as mangas e fazer algo de útil em benefício dos pequeninos pobres da Índia.

Ele é apenas um homem. Um cidadão comum, que paga seus impostos ao Governo e que poderia simplesmente ter cruzado os braços como muitos de nós, esperando que alguém tomasse providências, mas preferiu fazer a sua parte.

Possibilitando a educação aos futuros homens e mulheres de seu país, certamente modificará, em pouco tempo, aquela realidade.

Apenas um cidadão...

Apenas um pai de família, sem maiores recursos financeiros...

Mas, seguramente, um homem com coragem bastante para tomar uma atitude grandiosa como essa e modificar uma situação.

E você? Tem tido coragem de fazer algo para melhorar o seu lar, a sua rua, o seu bairro, a sua cidade?

Ou você é daqueles que fica reclamando de tudo e de todos, esperando sempre que alguém tome providência?

Vejamos que quem quer fazer alguma coisa, faz. Não espera pelos outros.

No Brasil também temos inúmeros exemplos de atitudes nobres que modificam as situações mais difíceis. São em grande número as organizações não governamentais sérias, compostas por cidadãos dispostos a fazer a sua parte. E têm logrado êxito.

Se você ainda não havia pensado nisso, pense agora.

E não precisa começar um trabalho pioneiro sozinho. Basta unir-se a outros voluntários que já arregaçaram as mangas e estão fazendo a sua parte há muito tempo.

***

"A melhor, a mais eficiente e econômica de todas as modalidades de assistência é a educação, por ser a única de natureza preventiva; não remedeia os males sociais; evita-os."



Fonte: Jornal Nacional do dia 26/11/1999; Livro O Mestre na educação, p. 5

24 de setembro de 2010

A DIGNIDADE NÃO SE CONTAMINA








A dignidade não se contamina







Há algum tempo, uma emissora de televisão apresentou uma reportagem intitulada A boca do lixo.

As câmeras focalizaram a realidade das pessoas que vivem do produto que conseguem retirar daquele lugar infecto, chamado lixão.

As cenas chocaram sobremaneira. Crianças e jovens, adultos e velhos disputavam, com as moscas e os urubus, os detritos jogados pelos caminhões de coleta.

Eram pessoas que, em princípio, pareciam confundidas com o próprio lixo, que haviam perdido a identidade, a auto-estima, a dignidade.

Revestidas de trapos imundos, reviravam com suas ferramentas os monturos fétidos e retiravam alguns objetos que colocavam num saco, igualmente imundo.

No entanto, no decorrer da reportagem, os repórteres elegeram algumas daquelas pessoas e acompanharam um pouco da sua rotina diária.

Eles as entrevistaram, perguntaram qual o motivo que as levou àquele tipo de trabalho, que se poderia chamar de subumano.

E, na medida em que os entrevistados falavam das suas vidas, de seus anseios, de como encaravam a situação, fomos percebendo uma realidade diferente da que supomos no início.

Aquelas pessoas não haviam perdido a identidade, tampouco se deixaram confundir com a sujeira.

Após as lutas do dia, chegavam em seus casebres, tomavam banho, trocavam os trapos infectos por roupas limpas, embora simples, e continuavam seus afazeres domésticos, com dignidade e honradez.

Percebemos que aquelas pessoas não permitiram que a situação deprimente e miserável lhes contaminasse a dignidade.

Respondendo às perguntas feitas pelos repórteres, uma senhora que vivia com o marido, seis filhos e a mãezinha já idosa, deixou bem claro a sua posição diante da vida.

Quando lhe perguntaram se não era muito difícil criar seis filhos, ela respondeu sorrindo:

Eu os amo de igual forma. Se Deus os mandou, é porque devo criá-los. O que não podemos é matar. Eu nunca matei nenhum no ventre, como não mataria agora, depois de nascido.

E quando o repórter perguntou à avó se ela ajudava a cuidar dos netos, esta respondeu com sabedoria:

Eu já criei e eduquei meus 9 filhos. Agora, cabe à mãe deles criá-los. Se fosse para eu criar, Deus os teria enviado como meus filhos também.

Outra senhora, bem idosa, que também trabalhava no lixão, demonstrava sinais evidentes de dignidade e fé em Deus.

O corpo esquálido e a falta de dentes davam notícia dos maus tratos que o tempo imprimira àquela mulher.

Todavia, ao responder ao entrevistador se não se envergonhava de trabalhar no monturo, disse que vergonha é roubar e matar, e que disso ela jamais seria capaz.

Aquelas pessoas, unidas pela desdita, falavam de amizade, respeito mútuo, companheirismo, convidando-nos as mais profundas reflexões em torno das nossas próprias vidas.

É tempo de pensarmos um pouco, antes de reclamar da própria situação, já que, por pior que seja, não se pode comparar a daqueles que vivem do lixo que nós atiramos fora.

* * *

Deus não cria as situações de miséria para Seus filhos.

Todas as condições subumanas impostas a determinadas classes sociais, são geradas pelo próprio homem, que se enclausura na concha escura do seu egoísmo, quando poderia, com poucos esforços e uma pequena dose de solidariedade, dar a cada um o necessário para viver.

Pensemos nisso!


FONTE: Redação do Momento Espírita.

20 de setembro de 2010

O ESFORÇO







O ESFORÇO

A jovem chegou na grande capital e se instalou. Vinha de pequena cidade do interior do estado para estudar e trabalhar. Durante os primeiros dias, as andanças para ver as questões de matrícula, a busca por um emprego, a procura de um pequeno apartamento para morar lhe tomaram as horas até a exaustão.

No entanto, depois de algum tempo, já instalada em seu minúsculo apartamento, com poucos móveis, começou a ouvir a vizinhança.

Eram vozes que vinham dos andares de baixo e de cima.

Vozes de crianças e de adultos. Vozes que significavam vida ao seu redor.

Precisando estudar, pois o seu intuito era de se preparar para o próximo vestibular, ela buscou se isolar de tudo.

Entretanto, um ruído que vinha de um prédio próximo ela não conseguia anular. Era o som insistente de um piano.

A horas sempre certas, ela podia ouvir. Não eram músicas, sonatas ou sinfonias.

Era, sim, um contínuo exercício no teclado. Pareciam escalas e mais escalas repetidas.

Estranhamente, todos os dias, os longos exercícios se repetiam.

Passaram-se os meses e, um dia, pensou a jovem: pobre coitada desta criatura que deseja se tornar pianista.

Pela continuidade e repetição dos mesmos exercícios, nunca deverá passar disto. Será uma criança com dificuldades de aprendizagem? E o som passou a ser seu companheiro enquanto estudava.

Certa noite, um amigo a convidou a ir ao teatro. Afinal, ela já estava há meses na capital e somente vira a soberba construção por fora.

Haveria um concerto musical com consagrada pianista. A jovem exultou. Depois de tantos meses de estudos e trabalho que reduziam a sua vida a um ir e vir da escola para a fábrica e para o apartamento, ela ficou feliz em ter um raro momento de lazer.

E, especialmente, um espetáculo que prometia ser muito bom, conforme lhe falou o amigo.

O concerto foi maravilhoso. A pianista era uma senhora de certa idade e que demonstrou, durante pouco mais de uma hora, ser uma virtuose do precioso instrumento.

Após ser muito aplaudida, ela se recolheu ao camarim e a jovem conseguiu, através do amigo, chegar até a distinta senhora para a cumprimentar.

Qual não foi sua surpresa ao descobrir, em curta conversa com a artista famosa, que ela era a sua vizinha de prédio.

Aquela mesma que passava horas e horas, todos os dias, a exercitar escalas e mais escalas musicais.

E concluiu a pianista: para manter a agilidade dos dedos e interpretar com propriedade os grandes compositores, de forma alguma posso abandonar os cansativos exercícios diários.

***

Lembre-se:

a montanha se forma pouco a pouco, no escoar dos anos.

O carvão se transforma em diamante graças ao trabalho lento do tempo.

O mar se forma gota a gota. A árvore frondosa, um dia, foi pequena e oculta semente no interior da terra.

Assim também são as conquistas no campo do intelecto, das artes e das ciências.

Dependem do esforço contínuo e perseverante.

Tudo na vida é, em essência, o resultado do esforço de alguém, do trabalho do tempo e da paciência das horas.


ESPECIAL: Redação do Momento Espírita

18 de setembro de 2010

15 de setembro de 2010

DA JANELA


DA JANELA





Vê-se o natural – belo
Vestido que veste o mundo.

Rompem-se as dúvidas
E a monotonia nos olhos do adeus.

A palavra exata,
O amor como as águas de um rio
O ramo na mão de Deus.

E assim – o porvir
Torna-se o fio lúcido
Da paisagem da janela.

Estrelas desabam
Dentro de mim, e na urdidura
Do que é belo, a vida torna-se bela. Bela.




ALBERT ARAÚJO
15-09-10