12 de janeiro de 2022

QUANDO O TEXTO FAÍSCA... A GENTE SENTE E VÊ A CENA. HOMENAGEM DE DALMA NASCIMENTO A DYANDREIA PORTUGAL





Hoje, acordei pensando: há certos textos que faíscam. Verdade! As palavras saem da página e ficam faiscando no pensamento da gente. E seu feixe de cintilação é tão forte que atravessa a mente e não se pode largar a leitura. Foi o que aconteceu comigo. Virei a noite lendo crônicas “faiscantes” de uma escritora fantástica. Assumida em sua dimensão de Mulher de nosso agora, ela é um ser fascinante, alegre, gentil, bem casada, afinada com o marido.

 

Há dias, ao vê-los juntos, pensei que entre os dois não existe  nem androcracria, o poder do homem, nem ginecocracia, o poder da mulher. Mas o intercâmbio salutar da vida junto, mantendo cada um sua identidade no “convivente” encontro das diferenças.

 

É, pois, sobre o cativante livro dessa Mulher que, no alvorecer do dia, estou aqui exatamente produzindo  este texto.. Dotada de uma escrita forte, sem apelos sexuais e sem mistificar sua vida para ter audiência, a autora, na simplicidade do verbo e fora de holofotes, molha a pena na alma nas tão faiscantes / fascinantes crônicas em que fala de si.

 

Em outras páginas, as frases cirandam pelos horizontes do mundo. Com agudo espírito crítico, conversa, de forma  fiada, sobre fatos circundantes. Mas tudo escrito na “densa leveza” da linguagem do dia a dia. A fala rica do povo, espraiando-se na vida da culta jornalista, retrata o cotidiano na subjetividade do que o coração de mulher lhe dita.

 

Nessas crônicas, conversas que parecem fiadas, embora afiadas e afinadas aos vaivéns do mundo, o leitor parece visualizar o quadro descrito nas letras em movimento. A autora, também artista plástica, opera ao mesmo tempo com verbo literário-jornalístico. Mas para não perder as manhas visuais, ao “cronicar” desenha cenas de escritas no espírito do leitor. Parece até que está a pintar imagens.

 

Cria uma perspectiva pictórica no texto, harmonizando o signo verbal à pintura. Técnica, aliás, utilizada desde a Antiguidade grega denominada Ekphasis (ecfrase) na qual as palavras, mesmo sem a apresentação do objeto pictórico, sugerem imagens mentais. Trata-se de um recurso retórico muito usado na oratória, reunindo duas artes irmãs – a pintura e a literatura.

Verdade, amigos, cada crônica desse livro é um quadro a cenarizar o Ser Feminino consciente de seus atos, a assumir com doçura seu espaço de forma rutilante. Ou melhor, faiscante. Crônicas que se sucedem em imagens na simplicidade dos grandes. A capa do livro  é eloquente. Mostra um canivete em destaque, que, segundo o conceito do paratexto autoral de Gérard Genette, já insinua o que traz lá dentro.

 

Também, criativa é a divisão meio a meio em duas partes do livro com a mesma capa reproduzida em ambos os lados. Se privilegiar a nossa língua, “a da frente” em português. Com 25 crônicas em sequência. Já a capa oposta, em inglês, introduz igual série dos textos. Essa maneira de compor testemunha o espírito desconstrutor da cronista, quebrando os paradigmas eleitos de editoração.

 

Por tudo isso e muito mais, não deixe de ler este prazeroso livro. Luzes ficarão faiscando dentro de você pra pensar. A última crônica é inesperada. É uma história de fadas que o destino reservou à autora.

 

Como você vê, leitor, não joguei minha conversa fora. Mas, desculpe, só agora me lembrei de dizer o principal: o livro se chama CONVERSA (A) FIADA. A autora? A dinâmica jornalista sem fronteiras DYANDREIA VALVERDE PORTUGAL.

 

 Dalma Nascimento

 

 



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