ALBERTO ARAÚJO VISITA A TORRE DE BELÉM - LISBOA - PORTUGAL,
oficialmente, Torre de São Vicente, é uma fortificação localizada na freguesia
de Belém, conselho e distrito de Lisboa, em Portugal. Na margem direita do rio
Tejo, onde existiu outrora a praia de Belém, era primitivamente cercada pelas
águas em todo o seu perímetro. Ao longo dos séculos foi envolvida pela praia,
até se incorporar hoje a terra firme. Um dos "ex libris" da cidade, o
monumento é um ícone da arquitetura do reinado de D. Manuel I, numa síntese
entre a torre de mensagem de tradição medieval e o baluarte moderno, onde se
dispunham peças de artilharia.
Ao longo do tempo, a torre foi perdendo a sua função de
defesa da barra do Tejo e, a partir da ocupação filipina, os antigos paióis
deram lugar a masmorras. Nos quatro pisos da torre, mantêm-se a Sala do
Governador, a Sala dos Reis, a Sala de Audiências e, finalmente, a Capela com
as suas características abóbadas quinhentistas. A Torre de São Vicente (1514)
pertence a uma formação de defesa da bacia do Tejo mandada erigir por João II
de Portugal, composta a sul pela torre de São Sebastião da Caparica (1481) e a
oeste pela Torre de Santo António de Cascais (1488).
O monumento destaca-se pelo nacionalismo implícito, visto
que é todo rodeado por decorações do Brasão de armas de Portugal, incluindo
inscrições de cruzes da Ordem de Cristo nas janelas de baluarte; tais
características remetem principalmente à arquitetura típica de uma época em que
o país era uma potência global (a do início da Idade Moderna).
Juntamente, com o Mosteiro dos Jerônimo, foi classificada em 1983 como Patrimônio Mundial da UNESCO e eleita como uma das Sete Maravilhas de Portugal em 2007. Em 2015 foi visitada por mais de 608 mil turistas.
Em 1495, o rei D. Manuel I torna-se uma figura importante do
comércio internacional, visto que Vasco da Gama e posteriormente Álvares Cabral
estabelecem rotas marítimas com a Índia, Goa e Malaca, África e Brasil,
trazendo e oferecendo produtos exóticos. Essas experiências e conhecimentos
levam à definição das características do estilo Manuelino, representado nos
seus monumentos.[4] Portugal está associado muito especialmente ao estilo
manuelino, designação adquirida pelas obras decorrentes no reinado de D. Manuel
I, entre 1495 e 1521. De alguma maneira, esse estilo, segundo o autor, advém de
influências do estilo Isabelino de Espanha, elaborado e ostentativo.[5] A Torre
de São Vicente é um exemplo de transição entre a arquitetura da Idade Média e o
Renascimento, de uma forma consonante aliada à boa maneira Manuelina, a massa
de uma recuada torre quadrangular de índole medieval, com aproximadamente
trinta metros de altura, num corpo avançado de "embasamento" e base,
reforçando a horizontalidade e abraçando a forma hexagonal irregular, com
quarenta metros de comprimento, orientados para sul e para o Tejo, visando
desarmar com as suas baterias de fogo, colocadas no baluarte
"acasamatado", qualquer tentativa de assalto por via marítima.[6]
Originalmente sob a invocação de São Vicente de Saragoça,
padroeiro da cidade de Lisboa, designada no século XVI pelo nome de Baluarte de
São Vicente a par de Belém e por Baluarte do Restelo, esta fortificação
integrava o plano defensivo da barra do rio Tejo projetado à época de D. João
II (1481-95), integrado na margem direita do rio pelo Baluarte de Cascais e, na
esquerda, pelo Baluarte da Caparica.
O cronista Garcia de Resende foi o autor do seu risco
inicial, tendo registado:
"E assim mandou fazer então a (…) torre e baluarte de Caparica, defronte de Belém, em que estava muita e grande artilharia; e tinha ordenado de fazer uma forte fortaleza onde ora está a formosa torre de Belém, que el-Rei D. Manuel, que santa glória haja, mandou fazer; para que a fortaleza de uma parte e a torre da outra tolhessem a entrada do rio. A qual fortaleza eu por seu mandado debuxei, e com ele ordenei a sua vontade; e tinha já dada a capitania dela [a] Álvaro da Cunha, seu estribeiro-mor, e pessoa de que muito confiava; e porque el-Rei João faleceu, não houve tempo para se fazer"
(RESENDE, Garcia de. Crônica de D. João II, 1545.),
A estrutura só viria a ser iniciada em 1514, sob o reinado de Manuel I de Portugal (1495-1521), tendo como arquiteto Francisco de Arruda. Localizava-se sobre um afloramento rochoso nas águas do rio, fronteiro à antiga praia de Belém, e destinava-se a substituir a antiga nau artilhada, ancorada naquele trecho, de onde partiam as frotas para as Índias. As suas obras ficaram a cargo de Diogo Boitaca, que, à época, também dirigia as já adiantadas obras do vizinho Mosteiro dos Jerônimo.
Concluída em 1520, foi seu primeiro alcaide Gaspar de Paiva,
nomeado para a função no ano seguinte.
Com a evolução dos meios de ataque e defesa, a estrutura
foi, gradualmente, perdendo a sua função defensiva original. Ao longo dos
séculos foi utilizada como registro aduaneiro, posto de sinalização telegráfico
e farol. Os seus paióis foram utilizados como masmorras para presos políticos
durante o reinado de Filipe II de Espanha (1580-1598), e, mais tarde, por João
IV de Portugal (1640-1656). O Arcebispo de Braga e Primaz das Espanhas, D.
Sebastião de Matos de Noronha (1586-1641), por coligação à Espanha e fazendo
frente a D. João IV, foi preso e mandado recluso para a Torre de Belém.
Sofreu várias remodelações ao longo dos séculos,
principalmente a do século XVIII que privilegiou as ameias, o varandim do
baluarte, o nicho da Virgem, voltado para o rio, e o claustrim. A conotação da
forma volumétrica da torre de pedra com uma nau traduz beleza, originalidade e
inovação.
Classificada como Monumento Nacional por decreto de 10 de janeiro de 1907, é considerada como Patrimônio Mundial pela UNESCO desde 1983. Naquele mesmo ano integrou a XVII Exposição Europeia de Arte Ciência e Cultura.
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