Era 1933, conta esta história real.
Eu havia sido demitido de meu emprego de meio expediente e
não podia mais contribuir para a despesa familiar. Nossa única renda era o que
mamãe conseguia ganhar fazendo roupa para os outros.
Então mamãe ficou doente durante algumas semanas e incapaz
de trabalhar. A companhia elétrica veio e cortou a força quando não conseguimos
pagar a conta. Depois foi a companhia de água. Mas o Departamento de Saúde os
fez religar a água por motivos sanitários. A despensa ficou quase vazia.
Felizmente, tínhamos uma pequena horta e podíamos cozinhar os legumes numa
fogueira no quintal.
Um dia minha irmã mais nova veio saltitante da escola para
casa dizendo:
– Amanhã temos que levar para a escola alguma coisa para dar
aos pobres.
Mamãe começou a esbravejar, dizendo:
– Não conheço ninguém mais pobre do que nós!
Mas a mãe dela, que estava morando conosco na época, a fez
calar, franzindo as sobrancelhas e tocando-lhe o braço:
– Eva – disse -, se você passar para uma criança a ideia de
que ela é “pobre” com essa idade, ela será “pobre” para o resto da vida. Sobrou
um pouco daquela geleia caseira. Ela pode levar aquilo.
Vovó achou um pedaço de papel de seda e um pedacinho de fita
cor-de-rosa com os quais embrulhou nosso último pote geleia, e minha irmã foi
saltitando para a escola no dia seguinte levando orgulhosamente seu “presente
para os pobres”.
E, para sempre depois disso, se havia um problema na
comunidade, minha irmã naturalmente presumia que ela deveria ser parte da
solução.
AUTOR EDGAR5 BLEDSOE
Edgar Dwight Bledsoe ele era veterano e assistente médico de
serviço aposentado e SSG do Exército dos EUA. Ele serviu na Segunda Guerra
Mundial, Coréia e Vietnã.
Tinha 79 anos, morreu após um incêndio em sua casa.
Filho de Edgar A. e Bertha Roberts Bledsoe,
Faleceu em 05 de dezembro de 2006.
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Esta linda reflexão foi falada pelo jornalista Cleiton
Gomes.
em seu jornal FOCO DO BRASIL, em 03 de junho de 2020.
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