José de Anchieta nasceu no arquipélago das ilhas Canárias no
dia 19 de março de 1534. Ainda adolescente, Anchieta foi enviado à Universidade
de Coimbra, em Portugal. Aos 17 anos fez votos como religioso e entrou para a
Companhia de Jesus.
Aos 18 anos, decide-se pela missão evangelizadora do Novo
Mundo e inscreve-se para participar de uma missão no Brasil no ano seguinte. Em
Salvador, Anchieta tem sua primeira tarefa: ajudar na organização do Colégio de
Jesus. Nesse mesmo ano, Anchieta visita pela primeira vez a aldeia de Reritiba,
lugar onde vai encontrar no futuro seu repouso eterno.
Anchieta segue para o litoral paulista. Ao tomar contato com
a injustiça sofrida pelos nativos, Anchieta se posiciona firmemente a favor dos
humilhados e ofendidos indígenas. Em 25 de janeiro de 1554, junto com Manuel de
Nóbrega, Anchieta funda outra escola jesuíta, o Colégio Piratininga, núcleo do
que mais tarde veio a ser cidade de São Paulo.
Em 1556, Anchieta recebe sua ordenação sacerdotal em
Salvador, Bahia. Logo depois ele passa um período de tempo em Reritiba, entre
os índios puris e tupiniquins. Foi autor da primeira gramática na língua tupi.
Em 15 de agosto de 1579 a imagem de Nossa Senhora da Assunção, trazida de
Portugal é entronizada no Santuário de Reritiba.
No dia 9 de julho de 1597, o velho sacerdote morre vítima de
um acidente fatal, ao tentar descer a escada da cela para socorrer um índio
doente. O frágil e desengonçado adolescente da Espanha tinha se tomado um
gigante em terras brasileiras. Era chamado de 'paizinho' pelos indígenas; agora
é chamado de "Apóstolo do Brasil". Foi beatificado por João Paulo II
em 1980 e canonizado pelo Papa Francisco em 3 de abril de 2014.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
REFLEXÃO A
valorização das culturas locais, o respeito pelas tradições indígenas e seu
esforço para entendê-las, a luta contra as injustiças cometidas pelos
colonizadores e o amor ao projeto de Jesus foram as balizas da vida do beato
Padre José de Anchieta. Peçamos hoje as bênçãos do “Apóstolo do Brasil” para
todos os projetos de evangelização do nosso país.
ORAÇÃO São José de Anchieta que deixaste vossa pátria,
família, amigos, para servir a Deus sobre todas as coisas, vós que sofreste a
solidão e as dificuldades de um Brasil recém descoberto, e cercastes os índios
de cuidados espirituais, peço-vos exatamente por todos os índios, para que se
sintam amados e protegidos, continuando assim vossa santa missão no mundo.
Amém!
SAIBA MAIS SOBRE SÃO JOSÉ DE ANCHIETA
São José de Anchieta SJ foi um padre jesuíta espanhol, santo
da Igreja Católica e um dos fundadores das cidades brasileiras de São Paulo e
do Rio de Janeiro.
Beatificado em 1980 pelo papa João Paulo II e canonizado em
2014 pelo papa Francisco, é conhecido como o Apóstolo do Brasil, por ter sido
um dos pioneiros na introdução do cristianismo no país. Em abril de 2015 foi
declarado copadroeiro do Brasil na 53ª Assembleia Geral da CNBB.
Foi o primeiro dramaturgo, o primeiro gramático e o primeiro
poeta nascido nas Ilhas Canárias. Foi o autor da primeira gramática da língua
tupi, e um dos primeiros autores da literatura brasileira, para a qual compôs
inúmeras peças teatrais e poemas de teor religioso e uma epopeia.
É o patrono da Cadeira 01 da Academia Brasileira de Música.
José de Anchieta, nascido na ilha de Tenerife, no
arquipélago das Canárias, em 19 de março de 1534, era filho de João López de
Anchieta (natural de Urrestilla, bairro da localidade de Azpeitia, em
Guipúscoa, País Basco) e de Mência Diaz de Clavijo y Llarena, descendente da
nobreza canária. Foi batizado em 7 abril de 1534 na Paróquia de Nossa Senhora
dos Remédios (atual Catedral de San Cristóbal de La Laguna), onde ainda existe
a pia de calcário vermelho onde, segundo a tradição, o santo teria sido
batizado. Sua certidão de batismo, inscrita no Livro I da Igreja dos Remédios,
está preservada no Arquivo Histórico Diocesano de Tenerife, onde se lê: José,
filho de Juan de Anchieta e sua esposa, foi batizado no dia 7 de abril por Juan
Gutiérrez, vigário e seus padrinhos foram Domenigo Riso e Don Alonso.
Seu pai foi um revolucionário basco que tomou parte na
revolta dos Comuneros (1520-1522) contra o Imperador Carlos V na Espanha e um grande
devoto da Virgem Maria. Era aparentado dos Loyola, daí o parentesco de Anchieta
com o fundador da Companhia de Jesus, Inácio de Loyola. Seu pai também era
prefeito da cidade de San Cristóbal de La Laguna. Sua mãe era natural das Ilhas
Canárias, filha de judeus cristãos-novos. O avô materno, Sebastião de Llarena,
era um judeu convertido do Reino de Castela. Dos doze irmãos, além dele abraçou
o sacerdócio Pedro Nuñez.
Anchieta viveu com a família até aos quatorze anos de idade,
quando se mudou para Coimbra, em Portugal, a fim de estudar filosofia no Real
Colégio das Artes e Humanidades, anexo à Universidade de Coimbra. A ascendência
judaica foi determinante para que o enviassem para estudar em Portugal, uma vez
que na Espanha, à época, a Inquisição era mais rigorosa. Ingressou na Companhia
de Jesus em 1 de Maio de 1551 como noviço.
CHEGADA NA CAPITANIA DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS NO BRASIL.
Tendo o padre Manuel da Nóbrega, Provincial dos Jesuítas no
Brasil, solicitado mais braços para a atividade de evangelização do Brasil
(mesmo os fracos de engenho e os doentes do corpo), o Provincial da Ordem,
Simão Rodrigues, indicou, entre outros, José de Anchieta. Desde jovem, Anchieta
padecia de tuberculose óssea, que lhe causou uma escoliose, agravada durante o
noviciado na Companhia de Jesus. Este fato foi determinante para que deixasse
os estudos religiosos e viajasse para o Brasil. Aportou em Salvador, na
Capitania da Baía de Todos os Santos a 13 de Julho de 1553, com menos de vinte
anos de idade e vindo na armada do segundo governador-geral do Brasil, Dom
Duarte da Costa com outros seis companheiros, sob a chefia do padre Luis da
Grã.
Partida para São Vicente e fundação de São Paulo
Anchieta ficou menos de três meses em Salvador, partindo
para a Capitania de São Vicente no princípio de outubro, com o padre jesuíta
Leonardo Nunes, onde conheceria Manuel da Nóbrega e permaneceria por doze anos.
Anchieta abriu os caminhos do sertão, aprendendo a língua tupi, catequizando e
ensinando latim aos índios. Escreveu a primeira gramática sobre uma língua do
tronco tupi: a "Arte da Gramática da Língua Mais Falada na Costa do
Brasil", que foi publicada em Coimbra em 1595.
No seguimento da sua ação missionária, participou da
fundação, no planalto de Piratininga, do Colégio de São Paulo, um colégio de
jesuítas do qual foi regente, embrião da cidade de São Paulo, junto com outros
padres da Companhia, em 25 de janeiro de 1554, recebendo este nome por ser a
data em que se comemora a conversão do Apóstolo São Paulo. Esta povoação
contava, no primeiro ano da sua existência com 130 pessoas, das quais 36 haviam
recebido o batismo.
Sabe-se que a data da fundação de São Paulo é o dia 25 de
Janeiro, por causa de uma carta de Anchieta aos seus superiores da Companhia de
Jesus, com a citação:
"A 25 de Janeiro do Ano do Senhor de 1554 celebramos,
em paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do
Apóstolo São Paulo, e, por isso, a ele dedicamos nossa casa!
OBRA
Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil,
1595, de José de Anchieta.
Segundo a "Brasiliana da Biblioteca Nacional"
(2001), "o Apóstolo do Brasil", fundador de cidades e missionário
incomparável, foi gramático, poeta, teatrólogo e historiador. O apostolado não
impediu Anchieta de cultivar as letras, compondo seus textos em quatro línguas
- português, castelhano, latim e tupi, tanto em prosa como em verso.
Duas das suas principais obras foram publicadas ainda
durante a sua vida:
"De gestis Mendi de Saa" ("Os feitos de Mem
de Sá") impressa em Coimbra em 1563, retrata a luta dos portugueses,
chefiados pelo governador-geral Mem de Sá, para expulsar os franceses da baía
da Guanabara onde Nicolas Durand de Villegagnon fundara a França Antártica.
Esta epopeia renascentista, escrita em latim e anterior à edição de "Os
Lusíadas", de Luís de Camões, é o primeiro poema épico da América,
tornando-se, assim, o primeiro poema brasileiro impresso, e, ao mesmo tempo, a
primeira obra de Anchieta publicada.
"Arte de Gramática da Língua mais Usada na Costa do
Brasil", impressa em Coimbra em 1595 por Antonio de Mariz. É a primeira
gramática contendo os fundamentos da língua tupi. Apresenta folha de rosto com
o emblema da Companhia de Jesus. Desta edição, conhecem-se apenas sete
exemplares, dois dos quais encontram-se na Biblioteca Nacional do Brasil: o
primeiro pertenceu ao imperador dom Pedro II (1840-1889) e o outro é oriundo da
coleção de José Carlos Rodrigues. Constituindo-se na sua segunda obra publicada,
é, ainda, a segunda obra dedicada a línguas indígenas, uma vez que, em 1571, já
surgira, no México, a "Arte de la lengua mexicana y castellana" de
frei Alonso de Molina.
O movimento de catequese influenciou seu teatro e sua
poesia, resultando na melhor produção literária do quinhentismo brasileiro.
Entre suas contribuições culturais, podemos citar as poesias em verso medieval
(sobretudo o poema De Beata Virgine Dei Matre Maria, mais conhecido como Poema
à Virgem, com 5786 versos), os autos que misturavam características religiosas
e indígenas, a primeira gramática da língua tupi (A Cartilha dos nativos).
Foi o autor de uma espécie de certidão de nascimento do Rio
de Janeiro, quando redigiu sua carta de 9 de Julho de 1565 ao Padre Diogo
Mirão, dando conta dos acontecimentos ocorridos ali "no último dia de
Fevereiro ou no primeiro dia de Março" do ano. Nela se encontram os
seguintes trechos: "...logo no dia seguinte, que foi o último de Fevereiro
ou primeiro de Março, começaram a roçar em terra com grande fervor e cortar
madeira para cerca, sem querer saber nem dos tamoios nem dos franceses."
E: "... de São Sebastião, para ser favorecida do Senhor, e merecimentos do
glorioso mártir." A sua vasta obra só foi totalmente publicada no Brasil
na segunda metade do século XX. Faleceu em Reritiba, 9 de junho de 1597.
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