Dom Carlos Alberto
Etchandy Gimeno Navarro compositor católico, deixando grande legado de músicas
que ainda hoje são utilizadas em diversas celebrações litúrgicas. Bispo
católico, terceiro arcebispo da Arquidiocese de Niterói. Nasceu no Rio de
Janeiro, em 30 de outubro de 1931 faleceu em Niterói, em 02 de fevereiro de
2003.
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Filho de João Gimeno
Navarro e Maria do Carmo Etchandy Navarro. Entre 1939 e 1942, cursou parte de
seu ensino fundamental - à época denominado primário - em escolas públicas do
Rio de Janeiro. A segunda metade do ensino fundamental - antigo ginásio - foi
cursada no Colégio Militar, sediado na cidade do Rio de Janeiro, entre os anos
de 1943 e 1950. Já no período de 1951 e 1952 cursou o ensino médio - conhecido
como colegial - naquela mesma escola. Ingressou na Academia Militar das Agulhas
Negras em Resende/RJ em 1953, ano este em que pediu baixa para cerrar filas no
exército de Nosso Senhor.
Ingressou no
seminário arquidiocesano do Rio de Janeiro, seminário São José, em 1953, onde
cursou filosofia e teologia.
Sua ordenação
presbiteral se deu em 29 de junho de 1959, aos 27 anos, pelas mãos de Dom Jaime
Cardeal de Barros Câmara na então Sé do Carmo, antiga catedral do Rio de
Janeiro.
Durante sua vida de
sacerdote exerceu diversos atividades, como Professor, Prefeito de Estudos e
Diretor Espiritual do Seminário Menor de S. José, Rio de Janeiro (1960-1966);
Assessor do Secretaria Nacional dos Seminários, da CNBB (1964-1971); Assessor do
Secretaria Nacional das Vocações Sacerdotais (1970-1971); Diretor da Divisão de
Educação Religiosa, na Secretaria de Educação da Guanabara, Rio de Janeiro
(1967-1974); Assessor-Chefe da Secretaria de Educação e Cultura do Estado do
Rio de Janeiro, RJ (1975); Capelão da Irmandade de Santo Antônio de Pádua e
Nossa Senhora da Boa Vista (de 1964 até 1981); Coordenador Arquidiocesano de
Pastoral (1971-1975).
Em 01 de julho de
1966, aconteceu na paróquia Nossa Senhora da Paz um evento polêmico, organizado
pelo então padre Carlos Alberto Navarro. Uma ação litúrgica com citações dos
Papas João XXIII e Paulo VI e a parte musical no ritmo das canções dos Beatles,
executadas pelo Brazilian Bitles, cujos integrantes eram Luiz Toth, Jorge
Eduardo Almeida, Fabio Block, Ely Barra e Vitor Trucco, este último com a
palavra:
"As autoridades
católicas decidiram realizar na Igreja Nossa Senhora da Paz em Ipanema (RJ), um
ato litúrgico com citações dos Papas João XXIII e Paulo VI e a parte musical no
ritmo das canções dos Beatles. A parte musical foi executada pelo Brazilian
Bitles, na qual foram tocadas e cantadas as melodias “Canção da Paz” (versão de
I Love you too, dos Beatles) “Anjo menino” e “Belo para mim”. As reações foram
imprevisíveis, os Sacerdotes não podiam supor que na juventude ali presente,
alguns jovens no auge do embalo da música executada pela banda se deixaria
empolgar de tal maneira que chegasse ao exagero. As moças de mini saia subiram
nos altares e se estabeleceu um empurra empurra pelos rapazes que estavam
embaixo, e muitos subiram nos bancos, dificultando a leitura dos textos pelos
sacerdotes. (Os sacerdotes acreditavam que os jovens entenderiam através do
ritmo a mensagem da Igreja, como faz o Padre Marcelo Rossi hoje em dia). O
ritmo frenético, porém, contagiou os jovens e o templo parecia um show de Rock,
a pregação religiosa não podia mesmo surtir efeito, nem mesmo a Ave Maria
(tocada também em ritmo musical de Rock) conseguiu acalmar aos jovens. O Iê Iê
Iê provou a teoria dos estudiosos das reações humanas, que o define como “um
estopim que liberta convulsões e impulsos incontroláveis nos jovens.”.
Reações de todos os
tipos apareceram naquela ocasião. Alguns acreditavam que havia ocorrido um
sacrilégio e que era uma lástima um sacerdote católico promover algo assim. Uma
senhora com o escudo da Congregação de Nossa Senhora da Paz, quase em murmúrio,
dizia: Isso é o fim do mundo, meu Deus. Que horror!" Já para os jovens,
que pelas matérias da época foram contados em torno dos cinco mil, aquele espetáculo
era o que de melhor poderia ter acontecido. Um garoto de 16 anos mascando
chicletes fazia bola e de vez em quando berrava: "Help, Help, Help",
fazendo alusão à música do quarteto de Liverpool. Já o padre Carlos Alberto se
defendia: "Os jovens irão para a igreja se houver quem os atraia para
lá.".
Em 24 de outubro de
1975 o Papa Paulo VI o designou bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião
do Rio de Janeiro, titular de Cenae, aos 44 anos de idade.
Recebeu a ordenação
episcopal, em 12 de dezembro de 1975 - dia em que se comemora a festa de Nossa
Senhora de Guadalupe, rainha e padroeira da América - pelas mãos de Dom Eugênio
Cardeal de Araújo Sales, tendo como seu principal co-consagrador Dom José
Alberto Lopes de Castro Pinto, bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Sua divisa
era: “Gratia et Apostolatu” (Rom. 15,1) (Pela graça e pelo apostolado). Ao
longo deste período foi Vice-Secretário do Regional Leste 1; Presidente da
Comissão Regional do Clero do Leste 1.
Foi transferido para
Campos em 29 de agosto de 1981, sendo o 4º bispo daquela diocese. Nesse tempo
foi Membro do Conselho Fiscal da CNBB, Representante dos Bispos na Comissão
Regional de Seminários. Também nesse período foi eleito pelos Bispos do
Regional Leste 1 para acompanhamento do Ensino Religioso no Estado do Rio,
desde 1987.
Esteve à frente da
Diocese de Campos durante um período conturbado no qual houve uma divisão do
clero diocesano e de uma parte dos fiéis. Este tempo foi marcado por afrontas,
das mais variadas, à igreja e ao senhor bispo, que foi injuriado, afrontado,
desprezado, reprovado, condenado, ultrajado, vilipendiado, segundo suas
palavras publicadas em jornal datado de 10 de julho de 1988.
A situação tensa em
que vivia Dom Carlos Alberto teve seu clímax com o Motu Proprio Ecclesia Dei
emitido por João Paulo II aos 2 de julho de 1988. O documento foi uma resposta
à ordenação canonicamente irregular de quatro bispos por D. Lefebvre emérito da
Diocese de Tulle, França e D. Antônio de Castro Mayer emérito da Diocese de
Campos, Rio de Janeiro. Na época, a diocese da cidade enfrentava divergências
de católicos tradicionais que não aceitavam as reformas do Concílio Vaticano
II. Dom Navarro conseguiu reverter a situação, o que foi reconhecido pelo Papa.
Com a volta da paz em
Campos, Dom Navarro foi novamente transferido pelo papa São João Paulo II e
assumiu a Arquidiocese de Niterói.
Nomeado o terceiro
Arcebispo de Niterói em 9 de maio de 1990, vindo a tomar posse em 2 de julho de
1990 e eleito Presidente do Regional Leste 1 da CNBB entre 1991 e 1995. Sua
Divisa nesse período era: “Cum Maria Matre Jesus” (Com Maria Mãe de Jesus).
(At. 1,14)
Sempre fiel à
doutrina da Igreja, Dom Carlos Alberto, com muita humildade, conduzia as suas
ovelhas para as quais sempre teve um olhar especial de Bom Pastor. Isso fez com
que sempre buscasse estar próximo delas em todos os momentos de seu ofício,
fosse nas Visitas Pastorais que fazia, nos compromissos a cumprir, na
Arquidiocese, lugar onde passava o maior tempo de seu dia. Para ele, a
celebração de uma Santa Missa só acabava após os cumprimentos aos fiéis, na
porta das Igrejas, ato que marcou a vida de todos. Outra virtude do Arcebispo,
reconhecida unanimemente por todo o Brasil, era o de ser “poeta maior”, autor
de lindíssimas e famosas músicas religiosas desde quando era padre no Rio de
Janeiro, dentre as quais: Sobe a Jerusalém, És Maria, Quando seu Pai revelou,
Procuro abrigo nos corações, Não sei se descobriste, Sou bom Pastor e Muito
alegre eu Te pedi.
A fim de dinamizar as
Pastorais da Arquidiocese e dar uma autenticidade maior ao evangelizador leigo,
apoiou as pastorais e os movimentos já existentes e diversificou-os para, desse
modo, poder dar mais consubstancia ao trabalho evangelizador na arquidiocese
onde, visando sempre garantir a assistência espiritual aos seus
arquidiocesanos.
Com o clero, fazia
questão de, uma vez no ano, ter um período de convivência para manter um laço
paternal e familiar com os sacerdotes diocesanos e religiosos que atuam na
Arquidiocese, além dos seminaristas.
Ao comemorar o
Centenário da Arquidiocese de Niterói em 1992, redimensionou, a partir do
método VER, JULGAR, AGIR, promovendo uma maior unidade à vida e missão de nossa
Igreja Particular, através do entusiasmo apostólico com que interagiam.
Através de sua
iniciativa e incentivo, foi lançado em 1991, o primeiro Anuário da Arquidiocese
de Niterói além de outras diversas edições que são “o nosso tesouro”, para
servirem de subsídio para a Catequese, Catecumenato, Crisma e tantas outras
pastorais.
Incansável, foi um
grande evangelizador que se fez ouvir propagar através de seus artigos de A Voz
do Pastor (semanário) e outros Boletins. Ele era muito voltado para a
orientação que se dava aos jovens.
Durante o seu
governo, deu-se a criação de 2 Paróquias, a saber: Sant’Ana e Santa Rita de
Cássia, em Armação dos Búzios (1997); Santíssima Trindade, na Trindade,
município de São Gonçalo (2001), além da Quase-Paróquia de São José Operário,
em Jardim Catarina, em São Gonçalo (2002).
Em 1996 idealizou uma
nova Catedral para Niterói e se iniciou o projeto que foi repassado para Oscar
Niemeyer e o Prefeito Jorge Roberto Silveira.
Em outubro de 1997 o
projeto da Nova Catedral assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer foi abençoada
pelo Papa João Paulo II em sua segunda visita ao Rio. Na ocasião o Santo Padre
conheceu a planta e a maquete da catedral e abençoou a pedra fundamental da
Nova Catedral de Niterói. A pedra fundamental foi lançada no ano de 1999 em uma
grande festa no terreno, pelo inicio das obras do Caminho Niemeyer.
Foi o principal
consagrante da ordenação episcopal de:
• Dom João Corso, SDB
+ Bispo de Campos dos Goytacazes - 1990
• Dom Roberto Gomes
Guimaraes - Bispo emérito de Campos dos Goytacazes - 1996
Foi co-consagrante da
ordenação episcopal de:
• Dom Elias James
Manning, OFM - 1990
Dom Navarro esteve
internado desde o dia 17 de janeiro de 2003, quando, por ocasião de um infarto,
foi levado ao hospital Procordis. No dia seguinte, foi transferido para o
Hospital Santa Cruz, em Niterói, onde foi submetido, na sexta-feira do dia 31
de janeiro de 2003, a uma cirurgia para colocação de marca-passo, realizada
pela equipe chefiada pelo Dr. Luiz Gonzaga Pagnuzzi Amauto.
Faleceu às 06h55min
do dia 02 de fevereiro de 2003, aos 71 anos, vítima de complicações
cardiorrespiratórias, como choque cardiogênico, cardiopatia isquêmica e infarto
agudo do miocárdio.
Dom Carlos Alberto
veio a falecer, coincidentemente no Dia de Nossa Senhora da Luz e da Festa da
“Apresentação do Senhor Jesus no templo”, justamente à qual ele se referia na
música de sua autoria Sobe a Jerusalém, talvez a mais famosa das suas muitas
composições.
Seu corpo foi
transladado no início da tarde desse mesmo dia para a Catedral Metropolitana de
São João Batista, em Niterói, onde pôde ser velado por todos os fiéis, até a
manhã da segunda-feira, dia 03 de fevereiro de 2003.
Após a Missa Solene
de Corpo Presente, celebrada às 10 horas e presidida pelo Cardeal Arcebispo
Emérito do Rio de Janeiro, Dom Eugênio Cardeal de Araújo Sales, tendo ao lado o
Núncio Apostólico, Dom Lorenzo Baldisseri, e o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom
Eusébio cardeal Scheid, concelebrada por 23 Bispos, de várias partes do Brasil,
e mais de 100 padres, de todo o Clero da Arquidiocese de Niterói e de outras
(arqui)dioceses, religiosos, religiosas e fiéis leigos da Arquidiocese de
Niterói e de outras dioceses, seguiu-se o cortejo pela lateral da Catedral até
à Capela do Santíssimo Sacramento (na própria Catedral) onde o corpo de Dom
Carlos Alberto foi sepultado.
INAUGURAÇÃO DA REVITALIZAÇÃO
PRAÇA DOM NAVARRO, ICARAÍ, NITERÓI
05 de agosto de 2018
Prefeito Rodrigo Neves e Padre Cármine Pascale.
Alberto Araújo - Praça Dom Navarro
Icaraí - Niterói - RJ.
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