19 de fevereiro de 2018

MANOEL DE BARROS EM "O MENINO QUE CARREGAVA ÁGUA NA PENEIRA".

 


 


 
 
 
MANOEL DE BARROS EM

"O MENINO QUE CARREGAVA
ÁGUA NA PENEIRA".
 
ATRAVÉS DE SEU PRECIOSO POEMA HOMENAGEAMOS O POETA BRASILEIRO.
O MENINO QUE CARREGAVA ÁGUA NA PENEIRA.
 
 
 
 
 
 
 
"O MENINO QUE CARREGAVA
ÁGUA NA PENEIRA".
 
 
 
 
Tenho um livro sobre águas e meninos....
Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.

 A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
 
A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
 
A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio.

Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito porque gostava de carregar água na peneira.
 
Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
 
No escrever o menino viu que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
 
Foi capaz de interromper o voo de um pássaro botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
 
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios com as suas peraltagens
e algumas pessoas vão te amar
por seus despropósitos.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UM POUCO SOBRE MANOEL DE BARROS 
 
 
 
Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu Cuiabá, 19 de dezembro de 1916, foi um poeta brasileiro do século XX, pertencente, cronologicamente, à Geração de 45, mas formalmente, ao pós-modernismo brasileiro, se situando mais próximo das vanguardas europeias do início do século e da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade. 
 
Com 13 anos, ele se mudou para Campo Grande (MS), onde viveu pelo resto da sua vida. Recebeu vários prêmios literários, entre eles, dois Prêmios Jabutis e foi membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.
 
 
É o mais aclamado poeta brasileiro da contemporaneidade nos meios literários. Enquanto ainda escrevia, Carlos Drummond de Andrade recusou o epíteto de maior poeta vivo do Brasil em favor de Manoel de Barros.
 
Sua obra mais conhecida é o "Livro sobre Nada" de 1996. Faleceu em Campo Grande, em 13 de novembro de 2014.
 
 
 
 
 
 
 

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