SOBRE A VELHICE: Por oposição aos gerontologistas, que analisam a velhice como um processo biológico, eu estou interessado na velhice como um acontecimento estético.
A velhice tem a sua beleza, que é a beleza do crepúsculo. A juventude eterna, que é o padrão estético dominante em nossa sociedade, pertence à estética das manhãs. As manhãs têm uma beleza única, que lhes é própria.
Mas o crepúsculo tem um outro tipo de beleza, totalmente diferente da beleza das manhãs. A beleza do crepúsculo é tranquila, silenciosa – talvez solitária. No crepúsculo tomamos consciência do tempo. Nas manhãs o céu é como um mar azul, imóvel.
No crepúsculo as cores se põem em movimento: o azul vira verde, o verde vira amarelo, o amarelo vira abóbora, o abóbora vira vermelho, o vermelho vira roxo – tudo rapidamente.
Ao sentir a passagem do tempo nos apercebemos que é preciso viver o momento intensamente. Tempus fugit – o tempo foge – portanto, carpe diem – colha o dia. No crepúsculo sabemos que a noite está chegando.
Na velhice sabemos que a morte está chegando. E isso
nos torna mais sábios e nos faz degustar cada momento como uma alegria única. Quem sabe que está vivendo a despedida olha para a vida com olhos mais ternos...
nos torna mais sábios e nos faz degustar cada momento como uma alegria única. Quem sabe que está vivendo a despedida olha para a vida com olhos mais ternos...
Rubem Alves
Rubem Azevedo Alves nasceu em Boa Esperança, 15 de setembro de 1933 e faleceu em Campinas, 19 de julho de 2014) foi um psicanalista, educador, teólogo, escritor e ex-pastor presbiteriano brasileiro. Foi autor de livros religiosos, educacionais, existenciais e infantis.
É considerado um dos maiores pedagogos brasileiros de todos os tempos, um dos fundadores da Teologia da Libertação e intelectual polivalente nos debates sociais no Brasil. Foi professor da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
COMENTÁRIOS
Amei. Lindíssimo e muito profundo.
Matilde Slaibi Conti
*******************************
Parabéns, pela postagem, Alberto. Nosso Rubens (Alves,
Fonseca e Braga) devem ser lidos, sempre. As doces e profundas lições do Rubem
Alves são acepipes a qualquer hora.
Carlos Rosa.
2 comentários:
Amei. Lindíssimo e muito profundo.
Parabéns, pela postagem, Alberto. Nossos Rubens (Alves, Fonseca e Braga) devem ser lidos, sempre. As doces e profundas lições do Rubem Alves são acepipes a qualquer hora.
Carlos Rosa.
Postar um comentário