Quarta-Feira, uma sinfonia de gratidão
e nordeste no Rio. Ah, quarta-feira...
Não um mero degrau na escada da semana, mas um portal luminoso para a gratidão
que jorra feito fonte cristalina. Desperto, e a aurora, qual pincel divino, já
doura a janela, desvendando a vastidão da natureza que se expande em sinfonia de
cores e formas. E lá no Corcovado, o Cristo Redentor, braços abertos em bênção
constante, emoldura nosso lar, esta terra varonil que nos acolhe.
Mas a verdadeira epifania da manhã se anuncia no aroma inebriante do café que exala é o prenúncio da presença suave e do afeto da minha musa. Logo, os perfumes da broa com recheio de banana e do cuscuz, o frescor do iogurte caseiro, a explosão de cores da salada de frutas... tudo tecido com um amor que eleva a simples arte da culinária a um patamar sublime, quase litúrgico. Somos nordestinos de alma e coração, e em cada sabor, em cada gesto, pulsam as raízes profundas de nossa terra, a memória ancestral que nos nutre.
Hoje, a vida se descortina como uma tela imaculada, ávida por receber os traços vibrantes da existência. Para mim, a flor da vida se revela num livro de poesia, convite à contemplação serena, à inspiração que murmura nos interstícios das palavras. Para ela, a artista que colore o mundo com a paleta da alma, uma tela aguarda ansiosamente a transbordar de sua visão única. Em seguida, a liturgia verde do regar as plantas, o diálogo silencioso com a criação, e a leitura bíblica, bálsamo para a alma, a palavra que ilumina o caminho.
Assim, entre a grandiosidade da
natureza que nos cerca, o amor que floresce em cada pequeno ato e a força
perene das tradições, cada quarta-feira se transmuta em um hino à vida, uma
celebração jubilosa da beleza que reside no simples pulsar do existir.
© Alberto Araújo
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