São José com o menino Jesus
Pintura de Guido Reni.
Neste dia, a Igreja, espalhada pelo mundo todo,
recorda solenemente, a santidade de vida do seu patrono. Esposo da Virgem Maria,
modelo de pai e esposo, protetor da Sagrada Família, São José foi escolhido por
Deus para ser o patrono de toda a Igreja de Cristo. Seu nome, em hebraico,
significa “Deus cumula de bens”.
No Evangelho de São Mateus vemos como foi dramático
para esse grande homem de Deus acolher, misteriosa, dócil e obedientemente, a
mais suprema das escolhas: ser pai adotivo de Nosso Senhor Jesus Cristo, o
Messias, o Salvador do mundo. "Quando acordou, José fez conforme o anjo do
Senhor tinha mandado e acolheu sua esposa" (Mt 1,24).
O Verbo Divino quis viver em família. Hoje,
deparamos com o testemunho de José, “Deus cumula de bens”; mas, para que este
bem maior penetrasse na sua vida e história, ele precisou renunciar a si mesmo
e, na fé, obedecer a Deus acolhendo a Virgem Maria.
Da mesma forma, hoje São José acolhe a Igreja, da
qual é o patrono. E é grande intercessor de todos nós. Que assim como ele, possamos ser dóceis à
Palavra e à vontade do Senhor.
ORAÇÃO
Ó glorioso São José, a quem foi dado o poder de
tornar possíveis as coisas humanamente, impossíveis, vinde em nosso auxílio nas
dificuldades em que nos achamos.
Tomai sob vossa proteção a causa importante que vos
confiamos, para que tenha uma solução favorável.
Ó Pai muito amado, em vós depositamos toda a nossa
confiança.
Que ninguém possa jamais dizer que vos invocamos em
vão. Já que tudo podeis junto a Jesus e Maria, mostrai-nos que vossa bondade é
igual ao vosso poder.
São José, a quem Deus confiou o cuidado da mais
santa família que jamais houve, sede, nós
vos pedimos, o pai e protetor da nossa, e impetrai-nos a graça de vivermos e
morrermos no amor de Jesus e Maria.
São José, rogai por nós que recorremos a vós.
São José e o Menino Jesus
(Igreja São José - Rio de Janeiro)
(Foto - Paulo Cattelan)
UM POUCO SOBRE SÃO JOSÉ
São José ou José de Nazaré ou José, o Carpinteiro
foi, segundo o Novo Testamento, o esposo da Virgem Maria e o pai adotivo de
Jesus. Descendente da casa real de David, é venerado como Santo pelas igrejas
ortodoxa, anglicana e católica, que o celebra como seu padroeiro universal. A
liturgia luterana também dedica um dia 19 de março à sua memória, sob o título
de "Tutor de Nosso Senhor". Operário, é tido como "Padroeiro dos
Trabalhadores", e, pela fidelidade a sua esposa e dedicação paternal a
Jesus, como "Padroeiro das Famílias", emprestando seu nome a muitas
igrejas e lugares ao redor do mundo.
ESCOLHA COMO NOIVO A MARIA
Segundo um dos Apócrifos, José já em idade avançada
teria sido reunido, pelo Sumo Sacerdote, com os jovens de Jerusalém, todos
descendentes de Davi, para saber qual deles seria o pai do Messias prometido.
Cada um dos jovens tinha um cajado de madeira, e Deus responderia florindo o
cajado do escolhido. O que teria acontecido com José, foi que cresceu um lírio
em seu cajado. É uma bela tradição, mas a Igreja não tem como confirmá-la. O
mais importante é que de fato São José, foi escolhido para ser o pai adotivo de
Jesus.
A PATERNIDADE
Os Evangelhos e a Sagrada Tradição Apostólica
afirmam que o verdadeiro genitor de Jesus é Deus Pai: Maria, já tendo sido
prometida em casamento a José, concebeu miraculosamente, sem que houvesse tido
relações maritais com ninguém, por intermédio do Espírito Santo. Para o casal,
tratou-se de um momento dramático, uma vez que, quando tomou ciência de que a
esposa estava grávida de um filho que não era seu, José sentiu-se decepcionado
e resolveu romper com ela, mas sem expô-la publicamente. O evangelista Mateus
assim relata o episódio:
«A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua
mãe, comprometida em casamento com José, antes que coabitassem, achou-se
grávida pelo Espírito Santo. José, seu esposo, sendo justo e não querendo denunciá-la
publicamente, resolveu repudiá-la em segredo.» (Mateus 1:18-19) ”
No entanto, após uma experiência mística num sonho,
no qual um Anjo lhe aparecera, voltou atrás e reconheceu legalmente o Menino
Jesus como seu legítimo filho.
“«Eis que o Anjo do Senhor manifestou-se a ele em
um sonho, dizendo: 'José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher,
pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu
o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados'.
(...) José, ao despertar do sono, agiu conforme o Anjo do Senhor lhe ordenara e
recebeu em sua casa sua mulher.» (Mateus 1:21-24)”
Tendo assumido a guarda do menino, José ficou
conhecido como suposto pai de Jesus. O evangelista Lucas relata esse título:
«Ao iniciar seu ministério, Jesus tinha mais ou
menos trinta anos e era, conforme se supunha, filho de José.» (Lucas 3:23)”
A PROFISSÃO
A profissão de José atribuía estritamente, a
profissão de carpinteiro, o fato é que o título grego é genérico, sendo usado
para designar os trabalhadores envolvidos em atividades econômicas ligadas à
construção civil. Outras vertentes costumam considerar José como sendo um
canteiro, ou seja, um operário que talhava artisticamente blocos de rocha
bruta.
Os evangelhos reivindicam que Jesus, antes de
iniciar sua vida pública, desempenhou a profissão do pai. O primeiro
evangelista que lhe atribui o título é São Marcos, que se refere a Jesus como
"o Carpinteiro", no capítulo VI, versículo 3 da sua narrativa
sinótica que relata uma sua visita a Nazaré na qual seus compatriotas
chamavam-no ironicamente pela profissão para desqualificá-lo como pregador.
Mateus, por sua vez, retoma o mesmo episódio na sua versão do evangelho, mas
com uma variante:
«Não é o filho do carpinteiro? Não se chama a mãe
dele Maria e os seus irmãos Tiago, José, Judas e Simão?» (Mateus 13:55)”
A tradicional tradução da expressão grega tektōn
por carpinteiro se deve ao fato de que os Padres da Igreja e a própria Vulgata de
São Jerônimo versavam-na para o nominativo latino făbĕr, fabri: termo que
denota o artesão.
A GENEALOGIA DE JOSÉ
As notícias dos evangelhos sinóticos sobre São José
são escassíssimas. Lucas e Mateus narram episódios cristocêntricos em que o
carpinteiro está envolvido, dizendo que José era descendente do rei Davi e
residia no pequeno povoado de Nazaré; João apenas o menciona como membro da
Sagrada Família; ao passo que Marcos sequer cita expressamente seu nome.
As versões dos dois evangelistas que pormenorizam a
árvore genealógica de Jesus divergem no que se refere a quem teria sido o pai
de José:
«Jacó gerou José, o esposo de Maria da qual nasceu
Jesus chamado Cristo.» (Mateus 1:16)” “«Ao iniciar seu ministério, Jesus tinha
mais ou menos trinta anos e era, conforme se supunha, filho de José, filho de
Heli.» (Lucas 3:23)”
A VIDA FAMILIAR EM NAZARÉ
Os evangelhos resumem em poucas palavras a infância
de Jesus, um período aparentemente normal, durante o qual, na oficina de José,
o menino se preparava para a sua missão. Apenas um momento escapa a essa
normalidade e é descrito por Lucas. Quando Jesus tinha 12 anos, José levou-o
juntamente com Maria em peregrinação até Jerusalém para as festividades da
Páscoa. Transcorridos, porém, os dias da festa, enquanto voltava para casa,
Jesus ficou na Cidade Santa, sem que José e Maria percebessem. Depois de tê-lo
procurado por três dias entre a multidão de peregrinos, foram finalmente
encontrá-lo no templo, discutindo as Escrituras com os doutores da Lei. De
acordo com o evangelista Lucas, sua mãe o repreendeu, falando-lhe da
preocupação que a afligiu assim como ao marido. Jesus, por sua vez, afirma ter
Deus por Pai, na presença de José.
«Ao vê-lo, ficaram surpresos, e sua mãe lhe disse:
'Meu filho, por que agiste assim para conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos,
te procurávamos'. Ele respondeu: 'Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo
estar na casa de meu Pai?» (Lucas 2:48-49)”
No entanto, ainda que tivesse ciência de que José
não fosse seu genitor, o adolescente Jesus comportava-se diante dele como um
verdadeiro filho, respeitando-o. É o que confirma o trecho subsequente da mesma
narrativa de Lucas.
“«Jesus Desceu então com eles para Nazaré e
era-lhes submisso. Sua mãe, porém, conservava a lembrança de todos esses fatos
em seu coração.» (Lucas 2:51). ”
A MORTE
Quando Jesus começou sua vida pública lá pelos 30
anos, muito provavelmente, José já era morto. De fato, sua presença não é
mencionada depois do segundo capítulo de Lucas. Soma-se à suposição o fato de
que, quando Jesus é crucificado, este confia Maria ao seu discípulo amado, o
qual, segundo o evangelista João, "A partir dessa hora, a recebeu em sua
casa": uma preocupação que não teria sentido se José ainda fosse vivo.
Os evangelhos canônicos mantêm-se silenciosos em
relação ao término da vida de José. Há, contudo, livros apócrifos que relatam
como teriam sido as horas derradeiras do pai adotivo de Jesus. Um exemplo é a
narrativa apócrifa História de José, o Carpinteiro, escrita entre os séculos
VI-VII, e que descreve detalhadamente o falecimento do Santo. Segundo o
escrito, composto em língua copta, José morreu no dia 26 do mês egípcio (20 de
julho no calendário gregoriano), aos 111 anos, gozando sempre de ótima saúde, "com
todos os dentes intactos", e trabalhando até seu último dia. Avisado por
um anjo sobre a eminente morte, vai ao Templo de Jerusalém adorar a Deus e, no
retorno, contrai uma doença fatal que o faz sucumbir. Extremado em seu leito,
envolto pelo temor da morte, só encontra consolação em Jesus, o único que
consegue acalmá-lo. Circundado pela esposa e pelos filhos de um primeiro
casamento, sua alma é arrebatada pelos Arcanjos Miguel e Gabriel e conduzida ao
Paraíso.
“Nenhum dos que rodeavam José havia percebido a sua
morte, nem sequer minha mãe Maria. Eu confiei a alma do meu querido pai José a
Miguel e a Gabriel, para que a guardassem contra os raptores que saqueiam pelo
caminho e encarreguei os espíritos incorpóreos de continuarem cantando canções até
que, finalmente, depositaram-no junto a meu Pai no céu.”
De acordo com o apócrifo, o próprio Jesus teria
banhado e ungido com bálsamo o corpo de José, pronunciando sobre ele uma
bênção.
São José e o Menino Jesus
(Igreja São José - Rio de Janeiro)
Não se sabe ao certo onde se encontram os restos
mortais de São José. Nas crônicas dos peregrinos que visitaram a Palestina, se
encontram algumas indicações acerca do sepulcro do Santo. Duas delas apontam
Nazaré e outras duas, Jerusalém no Vale do Cédron. Não existem, no entanto,
argumentos consistentes que respaldem nenhuma das alegações.
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