27 de maio de 2018

DESTAQUE DO DIA: UMA LUZ SOBRE O SOFRIMENTO HUMANO - TEXTO DO ESCRITOR E PROFESSOR LUIZ ROCHA NETO.

 
 
 
 

 

UMA LUZ SOBRE O SOFRIMENTO HUMANO
 
     No Século XIX, os veleiros procuravam se afastar da Ilha de Molokai, no Havai, tida como maldita. No Século XX os Católicos, quando passam por ela fazem uma oração de júbilo.  Qual a razão de tão genial mudança?
     Seguindo os ditames de saúde da época, o Rei do Havai resolveu concentrar em Molokai os hansenianos.  O arquipélago do Havai era antes saudável, mas com a visita de estrangeiros passou a padecer de muitos males.  Entre eles o mal que a própria Bíblia chora pelos que o levam, aconselhando a esses infelizes que gritem "Somos Impuros" aos que se aproximam.
     A Bondade chegou ao Havai em 1863, na pessoa de Josef de Veuster, que se ordenaria como Padre Damião, da Ordem dos Sagrados Corações.  O jovem Belga, estudante em Louvain, assistira uma palestra de um Bispo, enfatizando a necessidade de um padre entre os leprosos de Molokai.  E o futuro São Damião compreendeu que ele era o escolhido por Deus.
 
 
 
     A missão de Damião em Molokai transcendia em muito a função religiosa. Ele se empenhava em auxiliar as famílias dos leprosos em trabalhos de construção, dava assistência psicológica aos inconformados, partilhava sofrimentos e alegrias. Sua bondade chegou ao conhecimento do Rei Kalakaua, que chegou a visitar a ilha e condecorar Damião.
 
 
 
 

 
 
 
     No Brasil também a lei determinava o isolamento: No antigo Estado do Rio de Janeiro ele era feito na Colônia Tavares de Macedo, em Venda das Pedras.  Quando alguém pensa passar por uma provação, deve peregrinar até lá.  Na hora da tocante "A Paz de Cristo" pode ser que o seu irmão ou irmã em Cristo não tenha as mãos.  A missão Católica de Venda das Pedras foi durante muito tempo realizada pelo genial Frei Daniel, Franciscano nascido na Polônia, contemporâneo o Padre Woytila.  Já como Papa, foi João Paulo II que beatificou Damião, de quem Daniel era devoto.
     Damião em tudo era iluminado: Desde os eloquentes sermões na língua Kanako até no extenuante trabalho de construir caixões e cavar sepulturas.  Dava graças da Deus quando se sentia cansado, desempenhando a nobre função de Apóstolo dos Leprosos.  A terrível doença também tomou a saúde de Damião, mas nem de longe conseguiu apagar o seu entusiasmo solidário, até que entregou sua alma a Deus, em 1889.
     A capela que Damião construiu, com a ajuda dos leprosos de Molokai é hoje um lugar de peregrinação. Quando a obra da singela, e muito bonita capela estava pronta, ele costumava dizer aos seus paroquianos: "Vocês construíram uma linda igreja na nossa ilha, mas é muito importante que façam uma igreja dentro dos seus corações.
     E não é essa uma mensagem para todos nós?

Luiz Rocha Neto
escritor e professor
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UM POUCO SOBRE LUIZ ROCHA-NETO
 
 
 
 



 
 
 
Luiz Rocha Neto é Graduado em Economia na Universidade Federal Fluminense. Mestrado em Urban and Regional Planning na Wisconsin University, e Doutorado em Engenharia de Produção Na COPPE - UFRJ.
Foi Reitor da UNIPAM - Universidade Pan Amazônica - do Pacto Amazônico. É Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, continuando a participar da equipe do GETEMA/APIT/COPPE (Grupo de Estudos Tecnologia & Espaço & Meio Ambiente).
Seguiu cursos na Rutgers University, Sorbonne, e universidades brasileiras. Teve um "fellowship" do Institute of Social Studies, na Haia, e outro "fellowship" no Latin American Institute da Universidade de Rutgers.
 
É diplomado pela Escola Superior de Guerra. Ofereceu seminários no Instituto de Tecnologia do Bangladesh, na Universidade de Macau, China, e na Universidade de Tenri, no Japão. Foi Chefe de Departamento da FGV, Vice-Diretor do CENDEC do Ministério do Planejamento, e Diretor do Instituto de Ciências da Terra da SNA.
 
Atuou como técnico de organismos internacionais e representou o Brasil em congressos. Tem experiência na área de Planejamento Urbano e Regional, com ênfase em Técnicas de Análise e Avaliação Urbana e Regional, atuando também nas "interfaces" desta área com o Planejamento Ambiental. Interessa-se pelo estudo de Planejamento Urbano. Tem vários livros publicados, em assuntos diversos.
 
 
 
Entre tantos, escreveu "Algumas crônicas de amor e dois contos desesperados" - publicação da EDUFF - uma alusão ao "Veinte poemas de amor y uma canción desesperada", de Neruda. Rocha Neto conheceu Neruda em uma palestra na Universidade Federal Fluminense. Mais tarde, como estudante, viveu em Paris quando o Premio Nobel era Embaixador do Chile.
 
Rocha Neto é Comendador da Ordem de São Damião.
 
 
 
 
LIVROS DE LUIZ ROCHA NETO
 
 
 
 


 
 

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Texto também publicado na
Revista Nossos Passos
Abril 2018/página 8.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informações enviadas à nossa redação,
pelo homenageado.
 

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