7 de maio de 2017

LIÇÕES DE SAUDADES - TEXTO PADRE CARMINE PASCALE - PARÓQUIA SÃO JUDAS TADEU EM NITERÓI.

 
 
 
 
LIÇÕES DE SAUDADES -
TEXTO PADRE CARMINE PASCALE.
 
 
 
No mês de abril fomos surpreendidos com o falecimento de Mons. Luiz Gonzaga. E, de certo, fica para nós uma saudade e uma importante marca em nossa Arquidiocese, graças ao trabalho incansável que ele desenvolveu ao longo de 65 anos como cerimoniário, 58 como sacerdote. As lições que ele deixou, ao cumprir a sua missão com tanto zelo, são fundamentais, quero crer, para a formação da geração de agora, assim como foram fundamentais para cada geração que teve a oportunidade de conviver com ele e perceber, em especial, o seu cuidado para com a liturgia. Como isso é importante! Que mensagem forte, em um mundo em que as pessoas vão cada vez mais perdendo a noção do valor que os detalhes carregam! Tudo é tão superficial! As relações são superficiais, tudo o mais é “simplificado” para “não dar trabalho”. E a Igreja? Esta é vista como desnecessária por muitos, rica por outros, e exatamente a liturgia recebe inúmeras críticas, que vão dos paramentos usados a cada objeto que compõe a Celebração. Infelizmente, não se entende a capacidade que cada detalhe tem para nos atrair ao Senhor, e a graça que é louvá-Lo por meio desses cuidados que são cuidados de amor…
 
Monsenhor Luiz Gonzaga fez questão, o tempo todo, de ressaltar a beleza da liturgia e o amor que ele guardava por sua função de cerimoniário, por tantos anos auxiliando os Bispos e Arcebispos que por aqui passaram… E fez mais, porque seu amor, ainda que encantado com o espaço litúrgico e com os ritos, guardava um encantamento maior: o do sacerdócio. E por isso vimos nosso “irmão mais velho” manter-se de pé junto ao Altar, e nas horas “vagas” seguir para o Seminário, diariamente, porque aquele era um lugar que o alimentava! Ele gostava de estar naquele espaço formativo, convencido de que todo dia era dia de aprender um pouco mais a ser padre, e todo dia era dia de dar testemunho aos mais jovens, passando para todos o recado: vale a pena! Como sou feliz sendo padre!
 
Monsenhor seguiu assim até o fim. E Deus o recompensou por sua fidelidade, não há dúvida. Tenho certeza de que se ele pudesse opinar, não teria escolhido dia melhor para seguir para junto do Pai! Afinal, há graça maior do que seguir para a vida eterna abraçado à Cruz do Senhor? O que pensar de ser velado em pleno Sábado Santo e ir direto para o Alto, olhar de lá “a mãe das liturgias” sendo aqui vivida; e já participando da alegria celeste pela história de amor garantida, consumada.
 
Podemos imaginar que ele já está por lá fazendo piada, encantando com seu jeito brincalhão, e também trabalhando. Sim, trabalhando! Não dá para acharmos que ele está parado, afinal isto não combina com ele! Ele se gastou aqui até o final, e com tanta leveza que nem parávamos, muitas vezes, para olhar seu corpo já tão frágil… Agora há de estar por lá, intercedendo por esta Arquidiocese que amou e “vigiando”, tentando nos transmitir um pouco de sua eloquência e dizendo, inquieto: Cuidado! Não coloquem o cálice aí, mais para a direita…
 
Pe. Carmine
 
 
 
 
 
 

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