4 de março de 2017

DOCUMENTÁRIO: EU NÃO SOU SEU NEGRO - UMA VOZ PULSANTE À CONSCIÊNCIA.

 
 
 
Caro leitor foculista, baseado no texto do jornalista Rodrigo Torres, do site, Adoro Cinema e de outros, oferecemos a você o documentário: EU NÃO SOU SEU NEGRO.
Sinopse e detalhes do documentário
 
O escritor James Baldwin escreveu uma carta para o seu agente sobre o seu mais recente projeto: terminar o livro Remember This House, que relata a vida e morte de alguns dos amigos do escritor, como Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Junior. Com sua morte, em 1987, o manuscrito inacabado foi confiado ao diretor Raoul Peck.
Narrado por Samuel L. Jackson, o documentário constrói uma reflexão sobre como é ser negro nos Estados Unidos. Em 1979, James Baldwin iniciou seu último livro, “Remember This House”, relatando as vidas e assassinatos dos líderes ativistas que marcaram a história social e política americana: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr.
 
Baldwin não foi capaz de completar o livro antes de sua morte, e o manuscrito inacabado foi confiado ao diretor Raoul Peck, que combina esse material com um rico arquivo de imagens dos movimentos: Direitos Civis e Black Power, conectando essas lutas históricas por justiça e igualdade com os movimentos atuais que ainda clamam os mesmos direitos.
 
 
 
 
 
DETALHES TÉCNICOS
Ano de produção: 2016
Tipo de filme: Longa-metragem.
Idioma: Inglês.
Cor: Colorido.
Data de lançamento: 16 de fevereiro de 2017.
Duração: 1h35min.
Direção: Raoul Peck.
Elenco: Samuel L. Jackson.
Gênero: Documentário.
Nacionalidades: Eua, França, Bélgica, Suiça.

 
O Oscar 2017 apresentou uma afetuosa especialidade: Na categoria: Documentário. Portador em similitude temática racial e social. Eu Não Sou Seu Negro.
O brilhante escritor e pensador James Baldwin. Com seus olhos significativos assistiu atônito a dois momentos cruciais de tragédias americanas.
O primeiro, o vexame atribuído a Dorothy Counts, primeira jovem negra a entrar num colégio específico para brancos. Eis o momento em que o racismo, catalisador de um exílio autoimposto na França, também motiva o retorno do autor aos Estados Unidos.
O segundo foi o assassinato de Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr.

O massacre dos três maiores líderes negros da década de 60 nos Estados Unidos foi a criação de "Remember This House",  manuscrito nunca transformado em livro, mas em filme por Raoul Peck.
 
Cartaz original do Documentário
Eu não sou seu Negro.
 
Assim, Eu Não Sou Seu Negro tem a singularidade de amoldar-se um esforço ensaístico baseado em fatos históricos largamente retratados em vídeo. Do mesmo modo, James Baldwin expôs seus pensamentos em diversos programas televisivos.
Raoul Peck se apropriou deste vasto material para criar o documentário com profundo respeito ao escritor, combinando trechos de suas entrevistas e palestras com as ideias contidas exclusivamente no manuscrito e narradas por Samuel L. Jackson e imagens históricas, de ontem e de hoje o que denota a atualidade de suas digressões.
 
Cenas do documentário: Eu não sou seu negro.
 
 
 
 
Eu Não Sou Seu Negro é um filme a ser visto e revisto, Raoul Peck ressalta a habilidade do escritor com as palavras, de criar frases de efeito na melhor acepção do termo e uma série de dicotomias para percepção do racismo. O preto que se manifesta: louco, uma ameaça. O branco: patriota. O ódio do homem negro: raiva. Raiva apenas. Um sinônimo que basta quando as imagens do documentário e o próprio cotidiano do espectador gritam desigualdade — motivo desse sentimento. O ódio do homem branco: terror social. Algo que existe só na mente do branco. Em suma: o negro é quem nunca fez nada para ser odiado.
O filósofo minimiza as distinções raciais de maneira simplista: "Todo homem é igual", numa fala em plena sintonia com os argumentos de quem hoje desmerece a militância negra ou prega o absurdo "racismo reverso".
O grito à consciência é a grande força de Eu Não Sou Seu Negro. Mesmo quando chorou de raiva, não de tristeza, pela morte de Martin Luther King, James Baldwin nunca aderiu ao radicalismo de Malcolm X. Sempre razoável, sempre combativo, num movimento de ideias que congregam à empatia. "O futuro dos Estados Unidos depende de como tratamos o negro". "História não é passado, é presente". Mais que frases de efeito, conscientização, frases de convocação.
 
 
Eu Não Sou Seu Negro versa sobre um desejo de pureza que impede o homem branco de admitir suas falhas ao contrário, o motiva a defendê-las selvagemente.
Ao homem branco consciente, além de compreender o que se diz, resta a vergonha. Um mal-estar que se mantém para além da sessão desse poderoso documentário, e é muito positivo. Do desconforto, nasce a indignação. A palavra de ordem é nunca se conformar, com a desigualdade sobre si e sobre o outro. Nunca se calar, e muito menos calar quem sente o peso do preconceito. A apatia moral é o maior inimigo de James Baldwin.
 
 
 
James Baldwin - escritor, dramaturgo.
 
 

 

James Arthur Baldwin nasceu em Nova Iorque, 2 de Agosto, 1924 - Saint-Paul de Vence e faleceu em 1 dezembro de 1987, foi um romancista, ensaísta, dramaturgo, poeta e crítico social afro-americano.

Seus textos, tal como o Notes of a Native Son (1955), exploram complexidades palpáveis ainda não ditas sobre a sexualidade e as distinções de classes raciais nas sociedades ocidentais, principalmente na América da metade do século 20, e suas inevitáveis tensões.

Alguns textos de Baldwin são do comprimento de um livro, como por exemplo The Fire Next Time (1963), No Name in the Street (1972), e The Devil Finds Work  (1976).
Os romances e peças de Baldwin tornam em ficção perguntas pessoais fundamentais e dilemas em meio a pressões sociais e psicológicas complexas frustrando a integração equitativa, não só de negros, mas também de homens homossexuais e bissexuais, enquanto descrevem alguns obstáculos internalizados nas buscas de tais indivíduos à aceitação.

Essa dinâmica é proeminente no segundo romance de Baldwin, Giovanni's Room (O Quarto de Giovanni), escrito em 1956, bem antes dos direitos dos homossexuais serem amplamente defendidos nos Estados Unidos.
Baldwin era filho de Emma Berdis Jones, a qual teria abandonado seu pai biológico por causa de seu abuso de drogas e mudou-se para o Harlem, na cidade de Nova Iorque. Lá, ela se casou com um pastor, David Baldwin. A família era muito pobre.
Baldwin passou muito tempo cuidando de seus vários irmãos e irmãs mais novos. Aos 10 anos de idade, ele foi provocado e abusado por dois policiais de Nova Iorque, um caso de assédio racista pelo Departamento de Polícia de Nova Iorque que ele iria experimentar mais tarde quando adolescente e viria a documentar em seus textos. Seu pai adotivo, ao qual Baldwin se referia em seus textos simplesmente como seu pai, parece tê-lo tratado - em comparação com seus irmãos - com grande dureza.
Seu padrasto morreu de tuberculose no verão de 1943, pouco antes de Baldwin completar 19 anos. O dia do aniversário de 19 anos de Baldwin foi o dia do funeral de seu pai, o dia que a última criança de seu pai nasceu, e o dia do motim do Harlem de 1943, que foi retratado no início de seu texto "Notes of a Native Son".

A busca para responder ou explicar a rejeição familiar e social - e alcançar um senso de individualidade, coerente e benevolente - tornou-se um motivo condutor nos escritos de Baldwin.

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FONTES:
https://pt.wikipedia.org/wiki/James_Baldwin_(escritor 
 
 
 
 

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