14 de janeiro de 2011

A OUTRA JANELA






                                         A outra janela



A menina, debruçada na janela, trazia nos olhos grossas lágrimas e o peito oprimido pelo sentimento de dor, causado pela morte do seu cão de estimação.
Com pesar, observava atenta o jardineiro a enterrar o corpo do amigo de tantas brincadeiras. A cada pá de terra jogada sobre o animal, sentia como se sua felicidade estivesse sendo soterrada também.
O avô, que observava a neta, aproximou-se, envolveu-a num abraço e falou-lhe com serenidade: Triste a cena, não é verdade?
A netinha ficou ainda mais triste e as lágrimas rolaram em abundância.
No entanto, o avô, que sinceramente desejava confortá-la, chamou-lhe a atenção para outra realidade. Tomou-a pela mão e a conduziu até uma janela opostamente localizada na ampla sala.

Abriu as cortinas e permitiu que ela visse o imenso jardim florido à sua frente, e lhe perguntou carinhosamente: Está vendo aquele pé de rosas amarelas, bem ali à frente? Lembra-se de que me ajudou a plantá-lo? Foi num dia de sol como o de hoje, que nós dois o plantamos.

Era apenas um pequeno galho cheio de espinhos, e hoje... Veja como está lindo, carregado de flores perfumadas e botões como promessa de novas rosas!

A menina enxugou as lágrimas que ainda teimavam em permanecer em suas faces e abriu um largo sorriso.

Mostrou as abelhas que pousavam sobre as flores e as borboletas que faziam festa entre uma e outra e as tantas rosas de variados matizes, que enfeitavam o jardim.

O avô, satisfeito por tê-la ajudado a superar o momento de dor, falou-lhe com afeto: Veja, minha filha, a vida nos oferece sempre várias janelas. Quando a paisagem de uma delas nos causa tristeza, sem que possamos alterar-lhe o quadro, voltemo-nos para outra, e certamente nos depararemos com uma paisagem diferente.



                                                      * * *



Tantos são os momentos felizes que se desenrolam em nossa existência. Tantas oportunidades de aprendizado nos visitam no dia-a-dia, que não vale a pena chorar e sofrer diante de quadros que não podemos alterar.

São experiências valiosas das quais devemos tirar as lições oportunas, sem nos deixar tragar pelo desespero e pela revolta, que só infelicitam e denotam falta de confiança em Deus.

A nossa visão do mundo ainda é muito limitada, não temos a capacidade de perceber os objetivos da Divindade, permitindo-nos momentos de dor e sofrimento.

Mas Deus tem sempre objetivos nobres e uma proposta de felicidade a nos aguardar.



                                                     * * *



Se hoje você está a observar um quadro desolador, lembre-se de que existem outras tantas janelas, com paisagens repletas de promessas de melhores dias.

Não se permita contemplar a janela da dor. Aproveite a lição e siga em frente com ânimo e disposição.

O sofrimento que hoje nos parece eterno, não resiste a força das horas que a tudo modifica.

A luz sempre vence as trevas, basta que tenhamos disposição íntima e coragem de voltar-nos para ela.

Agindo assim, o gosto amargo do sofrimento logo cede lugar ao sabor agradável de viver, e saber que Deus nos ampara em todos os momentos da nossa vida.



Pense nisso!




 
FONTE:

Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 3, ed. Fep.






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