13 de dezembro de 2009

CRITICAS INFUNDADAS

Em Chicago, uma estação de TV transmitia, diariamente, da porta do principal cinema da cidade, um programa de entrevistas que duravam 15 minutos. Certa noite, o tempo integral do programa foi usado para entrevistar duas meninas, uma de 13 e a outra de 11 anos. Os telespectadores ficaram indignados com as frivolidades tratadas na entrevista. Afinal, o assunto girava em torno de como haviam passado as férias, se ajudavam a mãe nos trabalhos de casa, como iam os estudos etc. As pessoas que foram assistir ao programa no local da transmissão, não compreendiam porque os coordenadores deixaram as meninas monopolizar inteiramente os 15 minutos. Vários telespectadores, impacientes, chegaram a telefonar para a emissora para expressar seu descontentamento. Todavia, o motivo era muito justo e digno de aplausos. É que o pai das duas meninas, Joseph Fetzer, estava morrendo num leito do sanatório municipal de tuberculosos, onde fora internado 14 meses antes. Durante todo esse tempo não pudera receber a visita das filhas, devido ao rigoroso regulamento do hospital, que proíbe a entrada de menores de 16 anos na enfermaria dos casos graves. Sentindo a proximidade da morte, Joseph fez seu último pedido: Ver as filhas pela derradeira vez, lembrando ele próprias o recurso da televisão. Os diretores da TV concordaram imediatamente em entrevistar as meninas durante os 15 minutos, que seria a única chance para que aquele pai as pudesse contemplar e despedir-se, no isolamento de seu leito de morte. E foi graças aos corações generosos daqueles diretores, que Joseph teve a felicidade de ver, uma vez mais, as filhas queridas, um dia antes de falecer.
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Hoje, quando percebemos os meios de comunicação, ávidos por faturar, e faturar cada vez mais, salvo raríssimas exceções, ficamos a imaginar se teria espaço para se fazer uma caridade desse porte. Há algum tempo atrás, um amigo procurou um periódico para que fosse veiculado um artigo de otimismo, com intuito de levar às pessoas uma mensagem de esperança, e o responsável lhe falou que não havia espaço nem tempo para isso, pois estava saindo, naquele exato momento, em busca de uma entrevista com um famoso bandido que havia recebido condicional. Infelizmente, poucas pessoas, pois são as pessoas que dirigem os veículos de comunicação, estão dispostas a divulgar o bem e o belo. A divulgação do bem não dá IBOPE, dizem. No entanto, quando a dor bate à nossa porta, não é ao mal que nós buscamos, mas a alguém que nos mostre uma luz no fim do túnel, uma chama de esperança, uma mensagem de otimismo...

História adaptada da revista Seleções do Reader’s Digest 12/1966

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